NATAL DE FELICIDADES

Dias ensolarados, famílias reunidas, festas e comemorações. Perfeito comercial de margarina, ainda mais nesta época do ano, onde, na televisão as famílias se reúnem para comemorar o nascimento do Salvador e dar graças por tudo aquilo que receberam. Isso tudo na TV.




Na vida real o negocio muda. A correria no final do ano é tenebrosa, realmente insuportável. Trabalho a mil. Casas de praias lotadas, vagas em hoteis em litorais devem ser disputadas quase que no tapa. Se alguns familiares resolvem almoçar em sua casa, em vez de comemorações temos brigas e arranca-rabos antes do almoço, durante ele o amor reina, mas debaixo na mesa é só patadas e beliscões.



O telefone não pára de tocar. Felicitações de final de ano e desejo de um próximo ano melhor? Não. Entidades de cunho social, não condeno as entidades que fazem o seu trabalho muitas vezes com trabalho voluntário e muita determianação o ano todo, mas nesta época aparecem pedindo dinheiro para ser descontado em sua conta de telefone para judar a fundação A ou B, e quase que por mágica, outra em presa descobre a sua generosidade e liga, daí em diante seu final de ano será um inferno, 50 reais pra uma... 40 reais para outra... doação mensal de 15 para outra e a exploração financeira natalina assim prossegue, se bobiar, até sem peru você fica no natal, pois todo teu dinheiro foi para doações.



Não que a generosidade não deva imperar no nosso cotidiano, friso bem, nosso cotidiano, pois afinal, criança não precisa só de atenção no natal. Familias não comem apenas no final de ano. Outro dia ouvi um amigo meu dizendo que era triste passar o natal sem comida, porem acho muito pior passar todo o resto do ano sem comida e no natal ter um pacote de arroz na mesa e o restante da sociedade feliz pois achou que fez a sua parte.



O natal perdeu seu foco. Não são as festas que devem assumir o lugar especial em nossos corações, são as pessoas. É importante ter a casa arrumadinha, porém mais importante que isso é ter a família e amigos reunidos, pessoas que realmente se amam e se importam umas com as outras. Presentes são imporantes, porém um abraço sincero de coração vale infinitamente mais que um carne de 12 prestações que consumirão noites de sono sobre como pagar aquele presente caro demais. Em vez do carinho temos uma dor de cabeça.



Se acompanhado ou sozinho, como eu, nesta data, o importante é tirar tempo para repensar nas coisas que passamos, aquilo que acertamos e aquilo que erramos. O nascer de Jesus em nossas vidas deve ter o seu lugar, mas o nosso renascer torna-se imperativo nesta época do ano. Quero pessoas em primeiro lugar, sentimentos acima de razão e com certeza, meu natal, meu ano novo e minha vida terão um sentido nobre e o verdadeiro espirito de natal regerá os meus 365 dias do próximo ano, assim, meu natal de felicidades se estenderá a uma vida de felicidades.



05/12/2010

O QUE VOCÊ DEIXA DE FALAR MAGOA

[...] É magoa, e o que eu choro é agua com sal. Se der um vento é maremoto. Se eu for embora não sou mais eu... [...]




Normalmente nos magoamos com aquilo que as pessoas nos falam ou falam sobre nós, mas comigo é bem diferente. Eu me magoo com aquilo que não dizem. Me magoo com as palavras não utilizadas. Me magoo com o vazio que a falta das palavras deixa em aberto.



Sei que um olhar diz muito, mas somente o olhar não me satisfaz. Preciso ouvir o que você pensa de mim, o que acha de mim, o que sente por mim. Bom ou ruim. Positivo ou negativo. Amor ou ódio. Não importa, preciso ouvir.



Se eu sou importante pra você, por favor, me fale! Não gosto de ouvir os outros dizendo que sou importante para alguem, que esse alguem não pára de falar em mim, que só pensa em mim, que não tira os olhos de mim. Preciso que esse alguem fale tudo isso para mim. Diariamente, Sempre que possível, em todos os momentos cabíveis.



Por 23 anos da minha vida briguei muito por precisar, realmente preciso, ouvir das pessoas que amo e que me cercam aquilo que sentem por mim. Percebi que minha briga foi em vão, murro em ponta de faca, soco no vento e não pretendo continuar essa briga pelo resto da minha vida. Passou o tempo que eu tinha de pedir atenção.



Hoje falo nas entrelinhas... leia elas, pois falam muito de mim. O que eu quero eu peço nas entrelinhas, nelas eu digo o que penso, o que gosto e o que não gosto e principalmente o que preciso. Agora preciso escrever, pois sinto que vou explodir se não fizer isso.



Já tive relacionamentos em que deixei isso passar por alto, tentei relevar, mas chegou uma hora que explodi, não aguentei. E não quero que isso aconteça novamente. Já te dei o recado... já te dei a dica, agora depende de você.



Gosta de mim, me fala. Cansou de mim, fala.



Agora, leia as entrelinhas, porém viver mais 23 anos batendo na mesma tecla nem pensar. Gosto de você e sei que gosta de mim, mas preciso ouvir isso de você, não das pessoas que te cercam.



Ah, mais uma coisa, saiba que aquilo que não é dito me magoa mais do que aquilo que foi dito na hora errada.



21/10/2010

PROMESSAS ROTAS

“Eu te amo”, “Nasci aqui neste lugar e vou morrer aqui”, “Gostei deste lugar, daqui não saio mais”, “Esta é a melhor empresa do mundo, vou me aposentar aqui”.




Promessas e promessas. Promessas e mais promessas. Vivemos num mundo onde palavras são apenas palavras. Perderam sua importancia. O que sai da minha boca pode ser negado segundos depois. O que assinei pode não ter valor algum após uns minutos de reflexão.



Nos prendemos a pessoas, aprendemos a gostar delas e de repente sai um sonoro “eu te amo”. O que fazer agora, se esse eu te amo perdeu o valor. Acho que abrir o jogo é a melhor forma de resolver a situação. Viver num “eu te amo” do passado não nos traz nada de bom. Quem vive no passado torna-se escravo dele, impossibilitado de viver livre no presente e esperar algo diferente do futuro.



Nascemos num lugar. Com nossas opiniões, mas esquecemos que não existe roteiro a ser seguido. A nossa vida não tem um calendario com coisas a serem cumpridas e impossivei de serem modificadas. Só porque nascemos num determinado lugar não significa que não posso mudar se for para meu crescimento pessoal, profissional ou para nos sentirmos gente de verdade. Nada é para sempre, as vezes, deixamos de crescer pois “nascemos num lugar” e apesar de crescermos, o nosso medo de mudança não nos deixará cerscer como pessoas, morreremos ali e ainda pequenos.



Gostar de um lugar. Fazer parte de um clube. Tornar-se membro de uma igreja. São coisas maravilhosas, porém se aquilo não está mais me fazendo bem. Se não me sinto a vontade nesse meio, vou tornar-se infeliz porque um dia prometi que dali não sairia mais. Nossa vida muda com o passar do tempo. O que me fazia bem ontem, hoje pode não ser mais tudo aquilo que eu desejo e gosto.



Planos de carreira excelentes. Oportunidades incriveis, porém a empresa não explora meu potencial. Vou viver uma vida de funcionário frustrado para não ter mais um registro em minha carteira, ou para agradar este ou aquele. Não. Sair para trabalhar deve fazer bem para nossa mente e corpo. Crescermos intelectualmente, explorarmos nosso potencial e capacidade. Trabalhar por trabalhar tona as pessoas infelizes, incapazes de crescer e realizar um bom trabalho. O mercado está cheio de profissionais frustrados que não desempenham bem suas tarefas. Presos a promessas de carreira promissora em determinada area e abando a voz do coração que os manda para outros lados.



Promessas são feitas diariamente em todos os cantos do mundo. Nem todas são cumpridas. Mas não podemos dizer que são vazias. Muitas vezes optamos por uma empresa, uma religião, um clube social, e escolhemos uma pessoa para ser nossa companhia eterna, porém co o tempo percebemos que nada é eterno. Sentimentos mudam. Nossas opiniões mudam. Nossos desejos mudam. Não existe roteiro para uma vida feliz. Existe aquilo que eu decido fazer com o meu coração aberto, entregue. Ali está a verdadeira felicidade.



Hoje eu te amo profundamente, amanhã a gente conversa. Nasci aqui, mas se surgir outra oportunidade em algum lugar eu posso até pensar em ir. Essa religião é perfeita, amanhã posso rever meus conceitos. A empresa me faz crescer muito, amanhã posso encontrar outra que me faça crescer mais.



Promessas sinceras mas momentaneas. Vivemos de momentos. Não somos imutaveis. Os dias passam, nossa vida passa e eu que viver livre todos os dias da minha existencia, prometendo aquilo que meu coração deseja porém livre para mudar de ideia assim que ele desejar. Isso é ser livre. Isso é ser feliz.

05/12/2010

MISSÃO CUMPRIDA

Soldado, missão cumprida. Descansar!
Muitos nascem sem planejamento, sem uma preparação, por descuido e por muitos outro motivos. Eu sou privilegiado. Nasci com um objetivo, fazer companhia a minha avó que alguns meses antes perdera sua filha mais nova. Já nasci com essa missão em minha mente. E nos meus 22 anos pude faze-la.
Logo de inicio, precisei dela, da sua atenção e cuidados. Mas a companhia sempre foi o maior objetivo. Ali estava, alegrando suas tardes, suas manhãs, seus dias inteiros e principalmente a sua vida.
Pude ouvir de sua boca diariamente a narrativa de seu amor incondicional a mim, e a razão de sua existência ser a mim atribuida. Me alegrava por isso, sentia-me importante, como se minha função estivesse sendo cumprida.
Por razões da vida, fui para a escola e depois para um emprego. De lá telefonava todos os dias no meu intervalo e almoço. Ouvir sua voz me acalmava. Mas mesmo assim eu continuava sendo a razão de sua existência.
Aprendi muito com ela, valores, respeito ao próximo, ajudar a quem precisa, viver o hoje e muitas outras coisas, mas uma, a mais importante, ela não me ensinou: o que fazer depois que ela não estivesse mais aqui.
Nunca pensei na possibilidade disso acontecer. Pois nossa vida estava tão interligada que pensava eu que quando uma acabasse a outra também acabaria. De fato isso aconteceu. A dela acabou de súbito e a minha foi se acabando aos poucos.
Não sei o que fazer agora, pois a razão da minha existência se foi. Há um ano estou vagando e não encontro outro motivo, outra missão.
Não aprendi a viver sem você. Pedi para me levar junto. Mas a resposta foi somente um vazio, uma sensação de impotência. Um dia sei que estaremos lado a lado, mas até esse dia chegar o que eu faço? Como devo levar minha vida se minha missão esta cumprida?
Hoje, vejo que fiz o meu trabalho. Desempenhei o papel proposto a mim da melhor maneira que pude. Agora estou sem missão. O “projeto” acabou e só me resta a pergunta: O que fazer agora?
Missão cumprida. Descansar?
08/10/2010

BATATISMO?

[...] O que é que eu sou? Eu vim por que? Pra onde eu vou? Onde é que eu estava?... Você não sabe, eu também não sei. Somos o todo, feito de nada.[...]
Você se sente rejeitado? Você sente como se não entendessem você. Olhe para a batata! A resposta é o batatismo. Batata... Salve a Grande Batata! Todos pela Batata! Quem não entrar para o batatismo será considerado herege, sendo queimado na fogueira por rejeitar a grande batata. Vivas a Batata!
Estava assistindo a televisão hoje a noite e encontrei um programa super antigo, da minha infância, a família Dinossauro. No programa, o Baby questiona o porque de suas existências. Queria saber porque eles existiam e nisso a pergunta dele vai tomando proporções enormes, começam os questionamentos em escolas, empresas e nisso o caos geral começa se instaurar na comunidade.
A economia vai decaindo pois as pessoas começaram abandonar seus empregos e entraram numa loucura geral. Então cria-se a crença no Batatismo... método de acalmar a população achando respostas para suas grandes questões de vida. Porém quem discordar do Batatismo será condenado a fogueira.
Hoje achamos muitos métodos para responder a essas e a muitas outras perguntas existenciais que nos rodeiam: cristianismo, espiritismo, islamismo, e o mais recente lançamento da humanidade sempre inconformada com tudo, o espiritualismo. Para tudo tentamos achar resposta, soluções, desvendar mistérios. Mas para que fazemos isso?
Achar respostas não vai mudar o nosso dia a dia. Não vai mudar a forma como vivo a minha vida. Não vai mudar a forma como vejo os meus vizinhos, superiores, amigos e até a mim mesmo.
A minha conclusão é a mesma do programa: não importa no que você acredita, o importante é que possamos viver em harmonia e união independente das nossas crenças e convicções.
Se crer em Deus te torna uma pessoa melhor, maravilha. Se crer em Alá te traz paz, muito bem, firma-te em Alá. Se Allan Kardec te ajuda a ser uma pessoa melhor, fantástico. Todos somos irmãos, feitos da mesma matéria. Minha crença não é melhor que a tua, assim como a tua não é melhor que a minha, simplesmente a minha crença responde as minhas questões da forma que eu gosto e da forma que penso ser a melhor para mim, assim como a tua te trás o mesmo efeito.
Nem melhores e nem piores... apenas seres humanos em busca de um algo mais. Em busca daquilo que cremos ser o correto... enquanto isso, vamos acordar cedo, trabalhar, estudar e continuar vivendo.
Tenho minhas respostas e você tem as suas. Somos felizes assim, vamos sentar um dia e contar pra nós mesmos o porque optamos por uma crença ou outra... quem sabe assim possamos nos olhar como irmãos nesse mesmo dia. Sem o melhor e o pior, mas de igual para igual.
O certo e o errado dependem daquilo que trago dentro de mim... não daquilo que os outros julgam por suas crenças e convicções.
05/10/2010

SAÍDA DE EMERGENCIA

[...] Tento achar que não é assim tão mal, exercito a paciência. Guardo os pulsos pro final, saída de emergência. [...]
Alguém sabe onde eu compor uma vida nova? Acho que a minha passou da validade.
Já se sentiu assim? Eu me sinto assim. Como se o cristal tivesse se partido em milhões de pedaços. Tudo perdeu a graça. Mas isso não ocorreu de uma hora pra outra, foi o acumulo de uma coisinha aqui, outra ali e assim por diante.
Não foi acordar hoje e ao olhar no espelho perceber que sou um inútil. Foram anos de trabalho das pessoas que me cercam, hoje era um “incompetente”, amanhã era um “idiota”, depois um “inútil” e o auge foi a uns 5 meses quando ouvi a seguinte colocação: “Tu nunca vai ser alguém na vida. Sempre vai depender de mim. Será que tu não percebeu isso?”
Esse foi o auge. E ao ouvir isso meu mundo desabou. Estacionei. Parei. Perdi as forças e a respiração. Eu estava fadado ao fracasso. Fui preparado para fracassar. Para não ser ninguém e quando tento me impor ao contrario disso sou apedrejado pelas mais variadas formas de ofensas verbais possíveis.
Humilhante... exaustivo... cansativo... médicos... clinicas... anti depressivos... bela combinação... composição da minha vida.
Antes, ao me esforçar ficava feliz em ver onde cheguei e adorava saber que tinha sido com minhas forças. Hoje elas se tornaram fracas. Não consigo mais. Não tenho mais força e não tenho mais vontade... quem dirá força de vontade!
Não consigo ver saída desse circulo vicioso que minha existência atingiu. Sinto-me como um ratinho preso na gaiola rodando naquele brinquedinho que não o leva a lugar algum. Esforço em vão. Correr e nunca chegar. Buscar e nunca encontrar.
Não queria ser assim. Não queria ter desistido dos meus sonhos dessa forma. Mas não sei como ser e fazer diferente. Ao olhar onde posso chegar ouço pessoas me dizendo que não sou capaz... que não consigo.
Ficar cego, surdo e mudo... essa pode ser a solução. Quem sabe tudo isso agregado a um espaço delimitado de 2x1, frio, sem luz e abafado.
Abafado tem sido os meus gritos. Abafados eles estão dentro de mim. Sinto que vou enlouquecer se não solta-los. Sinto que vou ser repreendido se solta-los. Não sei mais o que sinto.
Não sei mais se quero sentir algo. Não sei se quero mais ver algo. Fugir agora poderia ser a solução... porém dentro de mim vai a voz daqueles que sempre me dsseram o quão incapaz eu sou. Fugir poderia ser a resposta, mas só se pudesse fugir de mim mesmo.
Tento achar que não é assim tão mal, mas é pior, porque isso ta acabando comigo.

Guardar os pulsos pro final... agora eu me pergunto: Será que o final já não se deu a muito tempo e só eu não percebi? Saída de emergência, JÁ!

06/10/2010

FALTA PAIS NO MERCADO, COM EXPERIÊNCIA

Esta semana, folheando uma revista num consultório medico, encontrei uma matéria incrível escrita por uma jornalista que colocava sua opinião sobre a proibição das chamadas Pulseiras do Sexo, originada com esta função na Inglaterra e trazidas para Brasil meses depois com este mesmo intuito.
Ela coloca de maneira simples e verídica que a forma como foi colocada a proibição de venda e do uso das pulseiras em escolas é uma forma de livrar a sociedade e os pais de suas responsabilidades como mestres e instrutores de valores e respeito a seus filhos e alunos.
Estamos vivendo numa época que a violência nunca predominou tanto. A gravidez na adolescência tem feito parte do dia a dia da sociedade, sendo que todos nós conhecemos ou somos parentes de alguém que passou por isso. E por que isso está acontecendo?
Simples, faltam pessoas que ensinem valores as crianças.
Meus pais nunca foram de muito dialogo. Lições não me foram passadas de forma verbal. A vivencia deveria ter sido meu aprendizado. Não posso dizer que foi de todo o mal, porém a carência que fica da falta de dialogo fez que, por um período no inicio da adolescência, eu me perdesse em meus conceitos e valores.
Nessa fase, filmes como Harry Potter, me mostraram que uma vida chata poderia transformar-se em uma vida divertida e fascinante num passe de mágica, e o incrível é que assim como eu, Harry era um menino apagado, sem muitos amigos, calado e com pouco espaço no mundo. Realmente como me sentia.
Crepúsculo, outro filme que me chamou a atenção, pois pálido como sempre fui, corpo sempre gelado e aparência anêmica fizeram parte da imagem que sempre vi refletida no espelho. Além do mais, vampiros são seres desprezados pelos demais membros da sociedade, e a incrível semelhança é que devido a algumas questões pessoais que tornaram-se de domínio e questionamento publico também sempre fui desprezado pela maior parte das pessoas ao meu redor, por motivos que vão desde o medo do diferente até princípios ditos cristãos.
Pulseiras que tem esse significado sexual, mostram que a falta de dialogo não foi somente aqui em casa. Em muitos lares não se encontram pais preparados para uma conversa franca e aberta com seus filhos. Uma conversa entre amigos. Pai e filho. Olho no olho.
Cada adolescente ou jovem tem uma maneira de extravasar essa revolta e esse sentimento de exclusão que fazem parte de suas vidas provavelmente desde a infância, uns utilizam filmes fantasiosos com realidades impossíveis porem com a convicção de que são reais, outros com pulseiras que os integrarão a grupos onde suas verdades serão aceitas e suas presenças serão notadas, outros tomarão caminhos mais pesados como as drogas, prostituição, trafico e outras maneiras de auto destruição, trazendo assim para o exterior a dor interior que os consome.
Independente do modo utilizado para chamar a atenção ou mascarar a realidade encontrada em casa, vê-se que a nossa sociedade carece urgentemente de pessoas preparadas para o dialogo aberto.
Se meu medo de ter filhos é cria-los da mesma forma com que fui criado, devo pensar duas vezes antes de te-lo, pois seu sucesso ou fracasso estará prescrito por mim, nas atitudes tomadas com relação a sua criação e ensino. Não terei um filho que será criado pela televisão... não terei um filho para ser educado por estranhos sabe-se lá com que valores e idéias.
Enquanto isso a idéia é tentar me fortalecer, procurar sanar as carências que ficaram e ajudar outros jovens que, como eu, não tiveram dialogo e presença, mas que diferentes de mim, se perderam em sua busca por aquilo que lhes traria alivio e o sentimento de fazerem parte de uma sociedade que se importa com eles e nota a sua presença.
Sou grato a meus pais por tudo que me deram, porem sinto falta daquilo que não tive, a sua presença nas questões que muito me atormentaram e machucaram, das quais eu sarei e me livrei por vontade própria, por meio de livros e pessoas de minha confiança, das quais posso destacar minha avó que será eterna em minha mente e coração.
Pessoas que realmente amamos nunca nos abandonam. Na sua ausência física podemos busca-las em nosso coração em mente, onde viverão eternamente junto a nós.
Obrigado por me ajudar a ser quem sou. Alguém verdadeiro, intenso, com caráter de um ser humano, não uma maquina, um robô.
Procura-se pais com experiência, ou pessoas que tenham boa vontade de mudar uma realidade fadada ao fracasso... está disposto a fazer a diferença?

01/10/2010

ERRAR TRES VEZES É HUMANO?

Na véspera de escolhermos nossos representantes pelo próximos quatro anos, ouço propostas incríveis que tornariam o mundo um lugar maravilhoso de se viver, SE fossem colocados em pratica, porém sabemos que a realidade do país não é bem essa. As dividas, as preocupações e interesses pessoais, e a idéia de uma possível reeleição acabam se tornando prioridade independente da pessoa que estará a frente das decisões para o bem do país.
Pensando da seguinte forma, fico apavorado ao perceber que para trabalhar em qualquer empresa é necessária uma certa preparação, um certo conhecimento e experiência e nos cargos públicos o que vigora é a encenação de pessoa carismática, coligações para fortalecimento enquanto a capacidade de governar e evoluir é deixada de lado.
De quatro em quatro anos, vamos as urnas exercendo nosso direito (que ao meu ver é mais uma obrigação, pois direito seria se eu pudesse escolher ir ou não, como sou obrigado passa de direito a obrigação), direto de escolher a pessoa que achamos apta a função pretendida. Porém fico preocupado ao ver que promessas rotas tem prevalecido, encenações de uma infância pobre, de uma vida em prol da sociedade é mais bem aceita do que a realidade.
Não é o caso de rebelião, pois como disse um amigo meu: independente de quem ganhar eu terei de continuar levantando cedo para trabalhar. A questão é maior que isso. Ter a possibilidade de trabalhar somente será garantida se a pessoa que estiver tomando as decisões for apta para isso e capaz de ver a possibilidade de crescimento juntamente com a perspicácia de fugir de crises ou abalos econômicos.
Quarta série não pode ser padrão para escolha de nossos líderes. Pois com a quarta serie nem emprego se arruma, porque para um cargo tão importante isso não é relevado?
Estamos prestes a tomar uma decisão importantíssima para o nosso futuro. Ideais devem ser reavaliados. Governos devem ser pesados. Propostas devem ser analisadas de acordo com a realidade e não com o sonho de cada pessoa. Políticos devem ser escolhidos pelo caráter e não pelo carisma ou dinheiro empregado em sua campanha.
Podemos mudar a nossa realidade. Devemos mudar aquilo que não está bom. Temos essa oportunidade. Não podemos deixar essa oportunidade passar em branco.
Temos de acordar e brigar por aquilo que acreditamos. Se o partido A traduz aquilo que acredito, ponho meu voto ali, se o partido B vai ao encontro daquilo que acredito, devo lutar para que isso se torne realidade.
Minha visão está formada. Tenho meu partido de preferência. Tenho meus candidatos desde o inicio da campanha eleitoral, porém assisti a debates, entrevistas, visitei sites e busquei maiores informações, pois votar não é brincar. É ser racional. É ser sábio. É ser um cidadão civil consciente e atuante e então após quatro anos olhar para trás, pesar os pros e contras e acertar nas decisões.
Agora vou esclarecer o fato de abrir este espaço para estes comentários. Quatro anos atrás fui as urnas e depositei meu voto de confiança em alguns candidatos que considerava sérios e comprometidos. Aquilo que foi prometido por eles não foi cumprido. Não esqueci seus rostos e nem suas propostas, por quatro anos acompanhei seus passos e decisões. Me arrependi de ter votado neles, porem dessa vez eu não vou me enganar novamente. Vou dar meu voto a outras pessoas que considero capaz de fazer aquilo que prometeram, se não cumprirem, daqui quatro anos votarei em outros, nem sempre vou acertar, mas errar novamente não mais.
Errar uma vez é humano... duas é burrice... três é estupidez!

30/09/2010

A PROXIMIDADE QUE AFASTA

Corri para o computador, abri meu perfil em um site de relacionamentos, meu micro blog, li meus e-mails e os respondi. Essa é minha rotina diária. Então, hoje, parei para pensar...
A internet abriu portas incríveis de comunicação. Uma pessoa como eu pode ter amigos em todos os cantos de mundo. Pode ser o que quiser. As fotos podem te tornar lindo (não é o meu caso, mas se quisesse era só usar um photoshop), atraente, charmoso e outras tantas qualidades que podemos criar neste santo e maravilhoso programa de computador. O teu perfil pode fazer você parecer uma pessoa importante, decidida, inteligente, porém essa não precisa ser a verdadeira realidade.
Por trás do meu perfil existe uma pessoa medrosa. Alguém que tem medo de gente. Medo de pessoas, medo de se aproximar e se magoar. Acho que por este motivo prefiro a internet. Não tenho contato direto com as pessoas. Confesso que um bloqueio no msn ou orkut me deixa realmente magoado, porém é muito mais fácil a recuperação.
Uma cara virada, um bom dia não dito faz com que a dor seja maior. Isso tem me afastado das relações inter-pessoais. Isso tem me deixado excluído da vida social real, mas também tem me proporcionado uma realidade melhor.
Se envio um e-mail ou um recado no orkut, realmente é porque a pessoa é muito importante para mim. E a minha forma de proteção é manter distancia.
Não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Só sei que a distancia que o mundo virtual proporciona entre as pessoas é a minha garantia de um coração não machucado, uma lembrança sem magoas e maculas, amizades perfeitas e fieis.
Não minto em meu perfil. Minhas fotos mostram a minha realidade. Porém apenas são palavras e imagens. Não são sentimentos, emoções e sensações. Isso fica guardado em meu peito. Dentro da minha memória.
Já fui tão machucado. Já fui tão submisso que hoje me imponho. Porém com o menor contato possível. Enquanto as pessoas falam como a internet afastou as pessoas, tornou os relacionamentos mais frios, elas não conseguem imaginar como isso me inseriu na sociedade. Realmente, para mim, foi uma questão de inclusão social.
Na internet sou alguém importante. Tenho meu blog. Tenho minhas comunidades. Tenho meus amigos. Estou inserido numa sociedade. Na realidade, sou uma pessoa introspectiva, envergonhada, tímida. Não consigo mudar. Sou assim. Relações pessoais nunca foram o meu forte.
A distancia impede que meu coração seja atingido. Porém na minha vida cotidiana, tem me tornado mais frio, mais ausente, menos presente, menos eu.
Mas se você quiser me encontrar e me ver em minha totalidade basta me enviar um e-mail, me adicionar em sites de relacionamento, me seguir em blogs e micro blogs... aí sim, você verá uma pessoa inteira, completa, de ferro, porém com um coração que bate... mesmo estando off, ali estou sempre presente. Diferente da vida real onde o tempo faz com que eu corra desesperado de um lado para outro, na internet estou sempre disponível... sempre presente... sempre amigo.
Sou mais que uma caixa, tenho muito mais que quatro lados. Por isso, ON ou OFF, sempre vou ser alguém que vai te agradar.
30/09/2010

SECULARIZAÇÃO DA IGREJA

Assinante da revista Conexão J.A. há algum tempo, deparo-me com a matéria de capa desta edição de outubro de 2010: Jesus sim, igreja não.


Gostei muito da matéria onde é colocada a necessidade da existência de grupos religiosos altamente organizados. Como muitos sabem, faço parte de um grupo religioso há um bom tempo, mas confesso que já pensei no fato de querer a presença de Deus na minha vida e não querer carregar uma placa de igreja em meu peito.

A questão é que o cristianismo muito pregado hoje em dia, tornou-se uma nova forma de repressão. O verdadeiro cristianismo baseia-se no fato da presença de Deus no dia a dia, na aceitação da graça de Deus, e na entrega total da vida a Deus, o que não consiste na realidade vista hoje em dia nas igrejas.

Ao entrarmos em qualquer denominação percebemos o fato e que seus membros passam mais tempo falando da vida do outro, das falhas de caráter de irmão, nas dificuldades deles em guardar e observar questões propostas pela denominação escolhida por ele para fazer parte.

Esquece-se que a salvação pregada na bíblia é individual. Eu não posso interferir no teu cristianismo, eu não posso viver a tua vida, assim como você não pode viver a minha.

Passamos um trimestre estudando as cartas de Paulo aos Romanos. Lá percebemos seus conselhos para os cristãos de Roma na sua época. Conceitos que podem e devem ser traduzidos para o cristianismo deste século, desta era em que vivemos. Porém me impressionou o fato de que alguns, minutos após lerem e ouvirem comentários de outras pessoas, depois da troca de informações obtidas através desse estudo aprofundado, ainda tiveram a capacidade de fechar a bíblia, levantar de seus bancos e dirigirem seus olhares maldosos e cheios de criticas a outros irmãos.

Não absorvemos aquilo que devemos. Não estou condenando ninguém. Não digo siga este caminho ou siga aquele. Apenas aconselho aos meus amigos que ao aceitarem e escolherem fazer parte de uma denominação estejam certos de suas crenças, não tenham duvidas de seus preceitos e se decidam por completo. Não vivam uma vida dupla. Pois a vida dupla faz com que ao fazer algo errado escondido eu tenha de ressaltar e aumentar erros dos outros para que o meu erro seja imperceptível ou minimizado, passando para a sociedade um cristianismo que conhecemos muito hoje, aquele que diz: Faça o que eu digo e não faça o que eu faço.

Fico decepcionado ao ver que as pessoas que dizem ter encontrado o verdadeiro Deus, possam, ao segurar uma bíblia na mão, julgar e condenar o seu irmão, pois aquele livro que está nas suas mãos diz que somente um é capaz e digno de julgar e condenar o culpado e absolver o arrependido.

Percebo que seu cristianismo é vazio. Sua mente é fraca. E realmente essa pessoa não se encontra convertida pela verdade e sim convencida da verdade.

Ninguém é melhor que ninguém. Deus me aceita como sou, e isso me basta. Meu cabelo não retrata aquilo que se passa em meu coração. Vaidade? Pode até ser, porem não deixo de embelezar meu caráter, minha mente e coração com o que é puro e verdadeiro para cuidar apenas da aparência. Além do mais, um dia vou ser cobrado por Deus, por aquilo que fiz com o corpo a mim emprestado por ele, e pretendo saber que o deixei da melhor forma possível podendo estar tranqüilo na hora da devolução.

Salvação ou perdição... Fogo ou vida eterna... isso a Deus compete me julgar. Enquanto isso, a mim cabe orar por aqueles que me perseguem para que encontrem o mesmo Deus amoroso e o único capaz de dizer o que é certo e errado, pois se eu estou dentro da piscina de lama, não posso brigar com você por você estar dentro dela.

Sujo por mal lavado, somos todos indignos de julgar... porem dotados por Deus da capacidade de amar e principalmente respeitar o próximo, pois somos todos seus filhos independente da placa que rege a minha norma de fé e minhas crenças.
30/09/2010

CARTA AOS CRISTÃOS DO SECULO XXI

Caros, “irmãos” em Cristo.



Tenho me preocupado muito com a situação na qual me encontro atualmente em relação a VIDA PESSOAL versus VIDA ESPIRITUAL. Não que eu esteja vivendo este dilema, porém as pessoas no meu dia-a-dia colocam-me nessa situação, isto, claro, de acordo com aquilo que imaginam ser a minha vida.


Preocupa-me o fato de alguns DITOS CRISTÃOS perderem seu precioso tempo falando sobre a minha orientação sexual e minha sexualidade. Queridos, onde está o vosso cristianismo nessa hora? Perde-se tempo falando da minha vida quando deveriam estar pregando, estudando a Palavra de Deus, orando ou buscando um Deus que professam segui-lo porém vocês não conhecem!


Meus queridos, do fundo do meu coração, oro para que vocês encontrem Jesus, encontrem o mesmo Deus que eu conheço. E sigo o livro precioso que diz para orar por aqueles que me perseguem. Oro muito por vocês. De verdade.


Sabe o que é chato nesta situação? É saber que vocês carregam a mesma Bíblia que eu e, assim como eu, sabem que com a mesma medida que medirmos seremos medidos, e mesmo assim dão seguimento a comentários e fofocas infundadas a meus respeito. Sabem que se não mudarem o coração o destino de vocês será o lago de fogo e enxofre.


O modelo bíblico para resolução de problemas com o próximo seria: Se tens algo contra teu irmão, vá e converse com ele. Porém quando procuramos terceiros para falar nossas duvidas e comentários, muitas vezes maldosos e que faltam com o respeito necessário a uma boa convivência estamos aumentando os motivos para conversas e “diz que me disse” que fazem com que o cristianismo que pregamos torne-se vazio. De nada vai adiantar pregações, eventos e evangelismos se o cristianismo encontrado dentro da igreja for vazio e pejorativo.


Ser líder de jovens, líder de crianças ou responsável por algum ministério não te torna melhor que eu de forma alguma. Tive um cargo de liderança de alta responsabilidade há certo tempo atrás e tive de sair do cargo não por falta de capacidade e nem da direção de Deus, tive de sair por motivos de difamação e fofoca, tive de sair para que os comentários a meus respeito não sujassem o ministério e nem o trabalho de Deus, e acho que agora estou saturando da mesma conversa e da mesma enrrolação há 5 anos. Perseguição, piadinhas e comentários ofensivos de terceiros não me incomodam. Me incomodam comentários de pessoas que carregam uma Bíblia e se acham melhores que eu, pois como estudiosos deste livro precioso que somos, sabemos que TODOS são pecadores e que TODOS carecem da gloria de Deus.


Não bastando eu ter de ouvir esses comentários de líderes e membros de igrejas, tenho que ouvir de parentes e amigos meus que são submetidos a questionários a respeito da minha vida particular. Até que a perseguição se resumia a mim, tudo bem, agora, pegar meus familiares e amigos para que falem meus dilemas, segredos e minha vida particular é demais.


Vocês não tem caráter suficiente para chegar ao meu lado e perguntar, sanar as suas duvidas, porém para encurralar pessoas de minha confiança para interroga-los, isso vocês podem? E vocês ainda acham que serão salvos fazendo isso dessa forma?


A escritora Ellen White coloca que nosso caráter tem de ser moldado aqui, pois levaremos ele conosco. Agora me responda, com este caráter você acha que vai entrar nas portas da Cidade Santa de Deus?


Outro dia aconselharam um líder da minha igreja a conversar comigo a respeito de homossexualidade, me mandar ler mais a Bíblia e orar a Deus para me libertar do problema. Desculpa, mas quem tem que ler mais a Bíblia e orar mais são vocês!


Que eu saiba, Deus não apareceu em visão a vocês lhes dando autoridade sobre a vida e a salvação de outros. Cabe a Deus julgar. Somente a ele. Quando você me julga, e me condena, está assumindo a autoridade de Deus. Agora eu te pergunto, quem tentou assumir a autoridade de Deus na história Bíblica? Não sei se você esta percebendo, você esta seguindo os mesmos passos do inimigo de Deus, Satanás, o Dragão, a Serpente, o Diabo.


Sou muito grato a alguns irmãos que fizeram um esforço enorme por mim há algum tempo. Há 19 anos oramos para a conversão do meu pai que ainda não tinha decidido-se pela fé professada por mim, minha mãe e minha irmã. Porém devido as fofocas que surgiram a meu respeito, a minha saída do ministério por causa dos rótulos e discriminação, e aquilo que sofro diariamente por causa dos olhares maldosos e cruéis que me perseguem dentro da igreja por onde passo e naquilo que faço, ele tomou a sua decisão: NUNCA MAIS COLOCARÁ OS PÉS NA IGREJA!


A decisão do meu pai me preocupa devido ao fato de estarmos vivendo os últimos dias da história desse mundo porém não me assusta pois sei que aquele que Deus separou para si não será tirado. Tenho certeza que meu pai verá que aqueles que me prejudicam e fazem o mal não conhecem a Deus. Não tem Deus em sua vida. São pobres, cegos e nus.


Você até pode ter aparência de piedade na frente dos teus liderados, à frente do teu púlpito, a frente do teu pastor, mas então por que não para de me rodear e rugir feito um leão a minha volta assim como o inimigo de Deus faz? Onde está o reflexo do Deus verdadeiro em tua vida? Quando as pessoas te olham elas vêem o reflexo de bondade de Deus ou o reflexo de um líder tirando que nada tem de amor e compaixão?


A salvação sendo individual, o que vocês tem a ver com a minha vida a ponto de torna-la motivo de discussão e debate? Vocês já são responsáveis pelo sangue do meu pai no dia do juízo e ainda querem ser condenados pelo meu sangue também? Como cristão devem tirar do foco o cisco do meu olho e dar atenção a trave que está no seu próprio olho.


Dói meu coração estar falando essas palavras agora, porém um dia, os livros serão abertos e a verdade será revelada.


Um pastor disse-me certa vez: Tu tem que ser muito forte para agüentar toda essa pressão e mesmo assim permanecer na igreja. Realmente, tenho sido forte, porém a força não é a minha, é a que vem de Deus. Ele me mantém de pé, ele me mantém fiel e fazendo seu trabalho.


Que o meu Deus, aquele que salva e liberta, tenha piedade de vocês. Que percebam o cristianismo falso, oco e sem sentido vocês tem vivido e se decidam pelo verdadeiro Deus.


Estou orando por vocês... seu irmão, Renatho Gabriel.

OBS: Sei que não são todos, mas esses poucos estão me incomodando e trazendo incomodo para minha familia e amigos.
Contato para reclamações, sugestões, esclarecimentos de duvidas ou estudo bíblicos para que possam realmente conhecer o Deus verdadeiro: renatho_gabriel@hotmail.com ou (54) 9147 8415

AMEM A ANORMALIDADE

[...] O Editor de palavras cruzadas no New York Times disse que temos o impulso natural por preenchermos os espaços vazios. Eu gosto de pensar que ele não se referiu apenas as palavras cruzadas, mas aos espaços vazios dentro de nós que surgem por vivermos num mundo que nem sempre gosta do que é diferente. Eu tentei preencher meus espaços com palavras, cruzadas e o Stivie. Mas essa não era a resposta. Agora eu sei, na jornada da vida, só precisa achar alguém tão normal quanto você, ou então, muitas pessoas... [...]
Maluca Paixão. Engraçado, divertido, reflexivo e inspirador. Assim definiria o filme que acabei de assistir. Ele mostra a diferença entre ela e as demais pessoas: um pouco distraída e desastrada, uma botinha vermelha que não combina com roupa alguma, um cabelo loiro que não acentua em nada a sua beleza, seu trabalho nada convencional, pois trabalha para um jornal criando palavras cruzadas, e por fim, já com os 30 e lá vai bico de idade, mora com os pais.
Nem preciso dizer que de cara me identifiquei com ela. Exceto... a distração, o desastre, as roupas, o cabelo loiro, a profissão pouco convencional, e a idade superior a esperada de ainda se estar morando com os pais e sem perspectiva alguma de mudar-se. Espera, até aí encaixou tudo... incrível...
Porque resolvi escrever sobre isso? Por que gostei do filme? Por que a Sandra Bullock, pra mim, é a melhor atriz de todos os tempos? Não. Foi por que a lição deixada pelo filme me fez repensar em tudo que tenho esperado pra mim nesses últimos tempos.
Ela, forçada a pensar em casar-se, se apaixona e atravessa o país perseguindo o “seu amor”. Na estrada encontra pessoas que fazem a viajem valer a pena. Certa altura do filme ela encontra o rapaz, corre ao seu encontro e acaba caindo num poço, onde a pouco tempo algumas crianças surdas haviam caído. Lá embaixo, encontra uma menina que havia sido esquecida.
Enquanto tenta tira-las do poço, aqueles amigos que fez na estrada, pessoas que cativou por onde passou, esperavam-na com faixas, velas, muita torcida e ansiosas pelo desfecho da história. Porém, no poço, ela estava sozinha. Apenas ela e uma criança. Depois de muitas tentativas fracassadas, ela senta-se ao lado da menina e elas conversam um pouco. Ela desiste, chora, diz que o chão vai desabar, que elas vão morrer e que sente saudades da sua casa. Esta conversa trás exatamente a essência do filme.
Ela diz pra menina que indo atrás do seu suposto amor, achava que se tornaria uma pessoa normal, e perguntada por que gostaria de ser uma pessoa normal, ela responde que não quer ser normal, mas isto é o que esperavam dela.
Quem nos diz o que é normal? Quem é normal? O que é ser normal? A sociedade aponta a roupa que devemos vestir e as pessoas dizem amém. A sociedade diz que você tem que casar se quiser ser feliz, e de geração em geração isso vai passando e todos dizem amém. A sociedade diz como devemos agir, nos comportar e sermos, e todos dizem amém.
Quem é a sociedade? Esse carrasco da humanidade. Somos eu e você quando concordamos com idéias pré-concebidas e não questionamos a sua importância e relevância, apenas dizemos amém. Somos eu e você quando mudamos as nossas atitudes ou abafamos nossos desejos e sentimentos por causa daquilo que os outros vão pensar e assim dizemos amém. E quem são as vitimas da sociedade-monstro? Somos eu e você, que rotulamos as pessoas que não se enquadram naquilo que estabelecemos como normal. NÓS somos as maiores vitimas de nós mesmos.
As palavras iniciais do post de hoje são as frases finais do filme. Agora te pergunto. Você é normal? O que é normal pra você? Você quer ser normal? Eu não quero. Nunca quis ser normal. Quero ser feliz. E ser diferente me faz feliz.
Correndo atrás do que os outros acham que será a nossa felicidade caímos num profundo poço que pode desabar sobre nós a qualquer momento, mas as pessoas não podem fazer nada para tirar-nos de lá, somente só mesmos. Mas pra que cairmos nos poço para percebemos que somos donos da nossa escolha e felicidade?
Estive no poço, e saí dele... hoje sei que minha felicidade não está no que esperam de mim, mas nas simples coisas que tornam o meu dia melhor e feliz. Como falar com um amigo que há muito tempo não via... comer aquele doce que somente minha avó fazia, e hoje eu também sei fazer... ver o sorriso no rosto das pessoas que amo... conviver com pessoas como eu, diferentes do considerado normal... porém felizes por fazerem aquilo que o coração manda... e assim sermos completos
Sou diferente... me orgulho em ser diferente... Ser diferente inclui fazer a diferença... não vim para mudar o mundo, mas para fazer com que a minha volta o diferente seja valorizado e o considerado normal seja questionado... Por onde passar, quero que as pessoas revejam seus conceitos... suas concepções e idéias... terminada minha tarefa ali, vamos para outra.
Sou “anormalmente” feliz hoje, justamente por ser diferente, por não ser normal.
01/08/2010

MEUS OLHOS

Não sei se estou certo ou errado
Sei que estou enquadrado
Meu ser preso está
Num lugar frio, úmido e resguardado



Que crime cometi?
Você poderá perguntar;
Não me pergunte porque escondi
Vergonha, alegria, medo ou salutar



Meu amigo, hoje te confesso
Matei alguém, mas algo te peço
Não me julgue ao me olhar
Todo dia encaro no espelho
Os olhos de quem eu fui matar.

12/09/2010

SOU FELIZ E PENSO QUE SOU LOUCO

Sou uma pessoa ruim ou sou uma pessoa boa? Você acredita na loucura de um ser humano? O que é a loucura? Você se considera um louco? Quem é louco pra você?
Por muitas vezes e de várias pessoas ouvi as palavras: Tu é louco e pensa que é feliz! E depois de muita reflexão percebi que realmente sou louco. ...me chamam de louco e não tiro a razão de nenhuma delas. E realmente reconheço isso.
Sou louco quando digo a alguém aquilo que deveria ser dito mas ninguém tem coragem. Sou louco quando ouço meu coração fazendo aquilo que ele pede e não faço como outros que deixam a razão somente guia-los. Sou louco quando busco a minha felicidade enquanto outros ficam olhando o tempo passar e esperam que ele mude alguma coisa. Sou louco quando tento mudar a realidade a minha volta, tornando as coisas mais alegres e divertidas e não me acostumo com aquilo que é lançado a minha frente engolindo sem nada questionar como outros fazem.
Percebi que os outros me consideram louco por fazer aquilo que tenho vontade. Por não seguir um padrão estabelecido pela sociedade como uma conduta normal. Não espero que as pessoas sejam como eu sou, mas quero respeito. Respeito por mim e pela minha loucura.
Por muitas vezes fui a boca daqueles que não são loucos graças a minha loucura. Posso ser a minha própria boca, meus braços e meus pés. Minha realidade quem faz sou eu e se me sinto bem dentro dessa realidade quem pode me dizer que estou errado. Meus delírios fazem com que eu busque um objetivo para continuar a caminhada... delírios que as vezes explicam coisas sobre mim ou sobre como vejo a vida.
No meio desses delírios surgem algumas vezes vozes que se dizem minhas amigas... ajudadoras, mas na verdade só me atrapalham, me puxam pra trás... me trazem a tona o passado que não deve ser lembrado e revivido. Vozes que procuro deixar num canto, pois elas não se calam e não se cansam de me dizer pra onde ir... o que fazer... como viver... vozes que são apenas vozes... não tem coragem para mostrarem nem os seus rostos e nem suas verdadeiras intenções.
Um hospício seria minha solução? Não. A minha loucura criou paredes tão imensas ao meu redor que a realidade em que vivo prendeu-me num hospício particular. Decidi ficar encarcerado do que me deixar enlouquecer com as loucuras dos outros ao meu redor. Assim como num hospício não existem loucos, apenas existem pessoas que não conseguiram conviver com a loucura ao seu redor... dentro de mim ocorre o mesmo.
Até quando terei de viver preso? Poderei sair algum dia? Sim. Estou saindo. As pessoas me olham com espanto. Não estou nem aí... Se a minha Loucura tornou-se minha realidade quem poderá dizer que estou errado.
Cada louco com a sua loucura... A minha me faz feliz... muito mais feliz que aqueles que seguem protocolos para não serem rotulados.... muitas vezes para passar por invisíveis.
Nasci para ser visto. Não para ser escondido. Vou me mostrar. Mostrar as loucuras de dentro de mim. Quem gostar que se junte ao meu circo dos horrores e sejamos felizes... quem não gostar, se junte as vozes que não se calam , mas que a partir de agora não serão mais ouvidas...
Muitas vezes, vozes são ruídos de ações que poderiam ter sido boas. Poderiam... se a lucidez não as tivessem impedido de gritar bem alto, viver e serem felizes...
Sou louco, porém feliz dentro da minha própria loucura. E você? É lúcido ou feliz?
12/09/2010

ARMÁRIO

Já ouviu falar no monstro do armário? Já teve medo do monstro do armário? Nunca tive medo do monstro do armário, aliás, deveria, pois ele vive numa bagunça imensa... tudo está fora do lugar... calças com camisas, blusas com calções... e meu armário reflete exatamente sobre a minha mente, meus pensamentos e sentimentos... mas apesar disto, meu medo sempre foi da noite...
A noite nunca foi minha amiga... todo final de tarde estava lá ela... pronta pra me envolver... só porque naquele momento eu estaria sozinho. Ela sempre foi covarde. Se aproveita da situação pra me trazer a lembranças coisas que deveriam permanecer no passado. Fantasmas de acontecimentos dos quais nem a lembrança ou o rastro deveria haver. E por mais que o tempo passe esse monstro ainda me assusta.
São 4 e 15 da manhã... estou acordado ainda. Meus olhos ardem e meu corpo dói. Mais uma noite em claro. Não consigo descansar. A minha mente vem imagens e pensamentos que ali não deveriam estar, coisas que não deveriam acontecer. As vezes parecem tão reais que saem da minha mente e invadem meu quarto.
Não sei porque me assustam tanto. Os remédios de insônia vão perdendo seu efeito e novamente me vejo cara a cara com a noite. Se pudesse viveria 24horas DO dia NO dia. As sombras se mostram pesadas... densas... uma ânsia dentro de mim... medo... insegurança... tremo... paraliso...
Fico a mercê dos acontecimentos que a noite se coloca a minha frente... travo uma luta diária/noturna com ela... sempre perco. Sou mais fraco que ela. No dia seguinte estou cansado. Não fechei meus olhos e não descansei... e ali volta ela, pronta pra outra batalha... isso ta acabando comigo... com minhas forças... energias.
No dia seguinte... trabalho, aula, telefonemas, corridas, pequenas tarefas... e o dia passa... chega a noite e novamente o sono não vem... to sentindo minhas idéias pesadas... minhas mãos pesadas... meu corpo não responde da mesma forma que antes... to cansado... To desistindo de brigar com a noite... Ela ta me vencendo...
A cama tem sido meu presídio... No claro não descanso... no escuro sinto uma angustia terrível... to ficando sem opções... não sei pra onde correr... o que fazer... Cansaço...
Idéias malucas... noite mal dormida... dias corridos... não sei quanto tempo vou agüentar assim... realmente não sei...
Espero o monstro do armário.. ele é meu companheiro nessas horas de aflição.. só ele para estar acordado comigo enquanto todos a minha volta dormem...
Desejo dormir... quero dormir... descansar... fechar meus olhos e apagar...
Apenas desejo... pois a noite reflete aquilo que existe dentro de mim, escuridão e solidão. Falta de compreensão. Desordem e falta de arrumação. Antes de resolver as coisas dentro de mim, tudo será uma batalha perdida.
Noite passada... batalha perdida... guerra inacabada. Guerra não contra a noite ou a escuridão, mas contra o meu vazio, a minha escuridão. Cadê o monstro do armário? Sumiu... se perdeu na minha escuridão.
Vou entrar no armário. Quem sabe ali o encontre e juntos possamos buscar por uma Nárnia dentro de mim... dentro do armário... longe de tudo... fora da realidade..
12/09/2010

VAGAS ABERTAS PARA FURACÕES

Deparo-me em meio a biblioteca da universidade. Meus olhos não acreditam no que vêem, o livro que despertou um interesse em assuntos de furacões e mudanças, Hilda Furacão de Roberto Drummond. Livro que deu origem a minissérie apresentada pela Rede Globo em 1996.
Fico estonteado não somente pela beleza de Hilda ou pelo enredo de seu romance, mas pela revolução feita por esta pessoa... que na verdade não sabemos se realmente existiu.
Hilda era moça de família, jovem, prestes a completar seus 18 anos, cheia de sonhos e desejos de uma vida simples porém feliz. Totalmente o contrario daquilo que passaria. Sua Madrasta seria cruel e implacável, seria a própria vida. Vitima de fofocas e insinuações falsas sobre sua conduta, é levada pela vida ao Maravilha Hotel, ironia da vida te-la levado a este lugar, o mais baixo possível nas camadas da sociedade de BH, onde se passa este romance.
Hoje, vejo pessoas por aí, possíveis Hilda’s. Pessoas que carregam sonhos e desejos, mas tem medo de se lançarem em busca deles. Preferem viver usando a capa da santidade, da boa educação, da boa família à viverem para correr atrás daquilo que as tornariam felizes.
Maltrata-me o coração ver nas ruas, pessoas que perderam seus sonhos, ou pior, nunca tiveram um para que perdessem. Não sabiam o que buscar por isso não buscaram nada. Hilda também como muitos deles não sabia o que buscar ou onde buscar, mas não se abateu. Buscou por onde a vida a levou. Até encontra-la. E nesse meio tempo não perdeu sua bondade, seu carisma, seu desejo de ver as pessoas desprezadas como seres humanos dignos de estarem ao seu lado.
Não se achava melhor que ninguém. Muito pelo contrario, estar na alta sociedade não a fez melhor que outros, mostrou-lhe que os mais desprezados as vezes são mais sinceros e honestos que os demais.
Classes sociais, cargos, nomes, títulos as vezes fazem com que as pessoas se tornem baixas, inescrupulosas, incapazes de ver o outro como ser humano, somente vêem a necessidade de manter a sua aparência, seu bom nome e sua reputação. Escondem seus defeitos e falhas... condenam aqueles que decidem não esconde-los que se aceitam como humanos passiveis de erros.
Todos nós temos qualidades e defeitos, não exponho os meus defeitos aos 4 cantos do mundo, mas se aparecem não os nego. Não tenho vergonha em admitir que sou falho. Que erro muito com meus amigos, minha família e as pessoas que mais amo. Mas a palavra desculpa serve para que quando eu erre sem perceber, possa de uma maneira ou outra tentar refazer aquilo que desmoronei, justamente por não ser perfeito.
Hilda’s Furacões... Renatho’s Furacões... Maria’s Furacões... José’s Furacões.. onde se encontram eles quando se precisam deles? Estão dentro de cada um de nós, quando decidimos esconder aquilo que somos para manter as aparências, estão dentro de nós quando decidem se vender a padrões baixos para manterem seu nivel e seu bom nome.
Não quero bom nome... não quero me vender à sociedade hipócrita que julga os defeitos do outro e não vê os seus próprios. Quero revolucionar, fazer mudanças em todos ao meu redor... se virar escândalo melhor... mais publicidade. E quem sabe com isso, outros furacões possam aparecer e juntos possamos refazer o caráter de uma sociedade que está maculado com a hipocrisia.
Brisas não fazem mudança... trazem acomodação. Mais furacões!! Preciso ser furacão... Precisamos de furacões... precisamos de pessoas que façam mais aquilo que da na cabeça... aquilo que o coração manda.
Mas não pense que na vida de furacões é tudo maravilha. Quem decide ser furacão é mal falado, é muito mal visto. Justamente por fazer aquilo que as brisas não fazem. E isso incomoda, irrita e por vezes até magoa aqueles que mataram a sua Hilda interior.
Aberta as inscrições para Furacões! Pré requisitos? Incapacidade de se calar diante da injustiça; vontade de ser uma pessoa melhor; vontade de tornar o mundo um lugar melhor; capacidade de ser você mesmo estando sobre pressão e o principal, ver as pessoas como únicas, especiais.
Pronto para assumir a função?
12/09/2010

SAUDADES DO ESPELHO

[...] Um homem não nasce pronto. Ele se faz com dor e sofrimento... é duro porém solitário. [...]
Essa frase ouvi num filme que assisti recentemente. Não me recordo o filme, porém a frase ficou marcada em minha mente. E bate de frente com a realidade a minha volta.
Tive a maior perda da minha vida a quase um ano. Perdi alguém que amava muito, porém estando agora sozinho, tive de aprender a caminhar com minhas próprias pernas. Aprendi ser a minha voz. Aprendi me virar sozinho. Mas as pessoas a minha volta não tiraram as mesmas lições que eu.
A mulher forte que minha mãe tinha se tornado voltou a ser indefesa e apática. Voltou a ser a mesma de antes. Se calar em todas as situações e muitas vezes servir de tapete e nada falar. Desaprendeu a brigar. Desaprendeu a viver. Voltou a ser quem era. Não quis mudar. Se abateu.
Não posso dizer que este fato passa desapercebido por mim. Estava gostando de ver o crescimento da minha mãe. Mas tudo voltou a ser como antes. Os animais que temos em casa, duas cachorrinhas e uma gatinha, voltaram a ser o centro das atenções. Voltaram a ser os objetos da sua vida.
Complicada essa situação pois ela ta perdendo as pessoas a sua volta e não percebe isso. Quando resolvi abrir a boca e alerta-la sobre isso, recebi palavras que me feriram e machucaram. Ouvi que nunca tive respeito e nem educação por nada e nem por ninguém. Quem era eu para cobrar presença e atenção? Ouvi que já estou grandinho e sei me virar sozinho. Mas abraçar a mim mesmo não preenche o meu vazio e minha solidão.
Quem sabe eu sou o filho que saiu de dentro da tua barriga. Pensei... mas não disse nada. Tudo que dissesse seria distorcido e usado contra mim.
Duas reações diferentes quanto a estas atitudes. Minha irmã se calou. Eu tentei abrir a boca. Ambos mal sucedidos em suas decisões. Estamos sozinhos. O braço forte ao qual recorria não está mais estendido. O porto seguro que minha irmã buscava nestas situações foi ocupado por outros e ela também perdeu seu norte.
Tornei-me mais contestador... isso faz mal. Não a mim, mas as pessoas ao meu redor. Minha mãe disse-me que isso incomoda, irrita e não era esse o filho que ela esperava ter. Prometi mudar, ser o filho que ela queria. Não consigo.
Não consigo ser diferente. Não consigo me calar. Não consigo aceitar tudo e baixar a cabeça. Disso ela tira o fato de que não tenho respeito e nem educação. Questionada sobre aquilo que aprendeu com minha avó em 45 anos que viveu ao seu lado a resposta foi dolorosa: aprendi a ser totalmente diferente dela.
Diferente do meu referencial de vida, de ser humano, de cidadã e de mãe.
Não sei o que fazer agora, a quatro dias tenho entrado e saído de casa e a apatia quanto a minha presença tem sido igual. Chego a pensar que se não estivesse aqui a situação seria diferente. Chego a pensar em sumir. Quem sabe assim a memória do filho perfeito fosse refeita em sua cabeça e ela pudesse ao menos imaginar que um dia ele existiu...
Desculpa, não consigo mudar e por não conseguir isso percebo que nunca serei aquilo que ela espera de mim. Posso ter minha faculdade concluída... as melhores notas da turma... o melhor emprego, porém nunca serei o que ela espera de mim...
Vejo minha imagem e não me sinto feliz em me calar quando deveria falar... esse não sou eu... não foi o que aprendi...
Que saudade da minha avó... que saudades da sua força... que saudades de mim quando estava perto dela... que saudades do meu exemplo perfeito... que saudade daquele espelho.


Percebo então que sozinho terei que crescer... dor e sofrimento me fortalecerão... porém sozinho, na solidão
12/09/2010

MEUS EXEMPLOS MORRERAM DE OVERDOSE

Televisão faz parte da minha vida, cresci vendo seus shows, espetáculos, estrelas, mitos, tapete vermelho e por trás disso as manchetes que relatam o lado obscuro após o fechamento das cortinas.
Artistas que admiro do fundo do meu coração tiveram seus momentos de glória, glamour, fama, sucesso, dinheiro, prazeres, ruína, degradação da própria imagem, e seu final. Overdose de si mesmos. Cada um trazendo a sua bagagem emocional...
Marilyn Monroe, uma atriz acima do padrão, porem pouco valorizada em sua época. Uma mulher linda, capaz, competente. O que a levou a ruína? Não sabia do seu potencial. Não tinha noção de que em suas mãos estava a revolução da mulher na TV, no cinema e na musica. Hoje um mito, na época, apenas uma atriz medíocre.
Elvis, grande ator, compositor, cantor, produtor, grande dentre os grandes. Não mudou apenas uma geração, mas mudou o mundo, com seu ritmo novo, seu gingado e claro, seu topete. O que o levou a ruína? Não tinha noção de que apesar de ser um ícone, era apenas um humano mortal, com limitações e dificuldades. Não aceitava isso... achava-se indestrutível, vivia como se fosse ser eterno.
Cazuza, um dom nato para escrever, compor, cantar, presença de peso nos palcos, programas... chegava e tudo se iluminava, sua irreverência, seu humor, seu potencial, sua alegria que irradiava a todos ao redor. O que o levou a ruína? Não sabia o que queria. Queria tudo e não queria nada. Não existe(ia) meio termo para ele. Tudo era extremo.
Raul Seixas, musicas profundas e voz única. Gritava por revolução de uma forma alternativa. Não a convencional. A voz da juventude de sua época... e voz de muitos jovens hoje também. O que o levou a ruína? Chegou aonde queria, e aquilo não trouxe a ele a felicidade esperada. Esperou demais do sucesso e se desencantou com ele quando o reconhecimento de seu trabalho chegou.
Carmem Miranda, atriz fantástica, cantava sambas em filmes de Hollywood. Uma das maiores cantoras, atrizes brasileiras no exterior, apesar de não ser brasileira, mas deixamos assim, ela sentia-se brasileira e amava esse pais. O que a levou a ruína? Conseguiu tudo o que sempre sonhou... destaque tanto para ela como para seu país, no caso o Brasil. Tinha o privilegio de gravar seus filmes em cores... era o sonho de muita gente na época. Ela realizou. Tentou se desprender da personagem abrasileirada baiana e não conseguiu. Tornou-se escrava de seu próprio personagem. Carmem Miranda sem bananas na cabeça e sem samba no pé não tinha valor. Fez dois filmes em preto e branco sem a personagem. Ambos com baixa vendagem e pouca divulgação. Um fracasso seguido de outro. Não bastando isso, um casamento fracassado, seu país que a rejeitou e uma vida presa num personagem caricata.
Não cheguei a acompanhar nenhum deles em vida, mas por admirar seus trabalhos, seus desempenhos de acordo com a época em que viveram e onde conseguiram chegar, tornaram-se exemplos de força, de trabalho e de vitória para mim, mas acima de tudo exemplo do que não devo fazer.
Devo conhecer minha capacidade, não exigir nem mais e nem menos daquilo que sou capaz. Manter a minha humildade, sou apenas um ser humano, não sou eterno e nem estou livre de errar, admitir meu erro, e valorizar quem está ao meu lado. Não viver e extremos, tirar o máximo de proveito de cada situação sem me expor a riscos. Saber aonde quero chegar e quando chegar, estar preparado para receber aquilo que me será dado, não me frustrando com os resultados obtidos. Viver sendo o Renatho e não um personagem criado para agradar a outros. Me livrei do meu personagem, hoje sou eu que faço a minha vida e [...] aquele garoto que ia mudar o mundo... mudar o mundo [...] não vai ficar assistindo a tudo em cima do muro não. Vai mudar o mundo mesmo.


17/08/2010

MEDO DA TUA RESPOSTA

Você já se apaixonou? Não falo de paixão normal, aquela de levar flores, de olhar uma foto e suspirar. Falo de paixão arrebatadora... aquela que arde dentro do teu peito e te consome... queima teu peito e teu corpo. Eu já tive e hoje abro meu coração...
Essa paixão queimou feito fogo na palha. Foram dias incríveis que pareciam intermináveis. Histórias para serem lembradas e se não fossem censuradas até serem lançadas em livros. Livros que variam de conto de fadas até cenas ardentes de encontros maravilhosos. Histórias para crianças e adultos. Cada uma contada de uma maneira, porém com a mesma essência em sua existência. Parecia ser pra sempre... mas não foi. Um dia terminou.
Não me pergunte por que terminou. Da mesma forma que veio, se foi. Pensei ser eu a pessoa certa, mas não fui. Apesar disso não posso dizer que não amei. Amei com toda a força do meu coração.
Não dava pra disfarçar. Todos percebiam a chama que ardia em nós. Iluminando tudo ao redor. Fazendo as coisas terem sentido. Corríamos mundos juntos, mas certo dia, percebemos que não nos enxergávamos mais um no olhar do outro. Porém isso não fez com que aquele desejo diminuísse dentro de mim... ele acalmou, mas não sumiu. Com o tempo pensei que iria passar, iria lembrar menos de tudo isso, mas foi ao contrario... lembro-me cada vez mais.
Sei que você está bem hoje. Passou por outras paixões. Eu também encontrei pessoas por quem me apaixonei, mas nenhuma delas me abraçou ou me deu a mão como você fazia. Por onde ando sinto seu perfume, sinto falta da tua presença, mas ali eu não encontro ninguém... só o espaço deixado por ti e ocupado por mais ninguém.
É difícil olhar hoje em seu olhar e dizer que não sinto nada, pois se disser isso estarei mentindo. Pelo menos a saudade permanece. Meu coração ainda bate em ritmo diferente ao seu lado. Sinto saudade do seu beijo, do seu abraço, do seu carinho... de passar tempo do teu lado... te sentir e deixar você me sentir. O abandono que tinha lugar dentro de mim sumiu quando num clarão você apareceu na minha vida. E depois que você se foi o abandono voltou deixando tudo mais escuro.
Fraqueza minha? Não sei, mas já chorei depois de conversar contigo. Chorei por lembrar que naquele dia estaríamos comemorando algo especial. Chorei por não estarmos mais ligados como estávamos. Chorei de uma forma dolorida, arrependida, sincera e sem disfarce ou cinismo algum. Chorei por saber que dentro de mim ainda resta alguma coisa daquilo que tivemos, mas chorei também por não saber se dentro de ti, resta nem que seja uma lembrança boa daquilo que vivemos. Não quero que o vento tire de mim aquilo que com muito carinho guardei dentro de mim...
Pego o celular na mão e te ligo, querendo saber se você ainda tem boas lembranças da nossa história e se ainda sente algo diferente dentro de ti. Ao ouvir o toque desligo rapidamente, pois não saberia o que dizer. Tenho medo de amar-te mais que a mim. Esquecer de mim e pensar apenas em você. São emoções que trago na bagagem da minha experiência que me impedem de viver um amor por inteiro.
Lembro-me de cada momento que tivemos juntos... os filmes, as brincadeiras, as risadas. Eternamente ficarão em minha mente... de lá nunca sairão, são minhas e somente minhas. Olho as marcas deixadas por ti dentro do meu coração, ali elas sempre ficarão. Não sei te dizer se algum dia poderei te esquecer... creio que não, tudo foi profundo e intenso. Amor igual, acho impossível de achar... amor não foi feito para ser eterno e sim intenso, e isso foi o que tivemos. Razão e emoção andavam juntamente conosco... união perfeita e completa. Dói saber que passou... dói profundamente. Ontem ficou no passado... hoje só a duvida e a incerteza... amanha já não sei se é dor, magoa ou apenas distração.
Tento através do meu olhar te contar o que sinto e o que penso. Tento dizer que quero você mais perto do que hoje estamos. Tento te dizer onde erramos e no que podemos acertar... fico na tentativa. Mas teu olhar não me diz se você quer me acompanhar.
Não falo e não espero ouvir. Tenho medo da minha reação. E por incrível que pareça, tenho medo da tua reação também. Tenho medo de me entregar de corpo e alma ou de fugir novamente ao perceber o significado que você tem pra mim. Pegaria a tua mão e diria aquilo que me coração sente, mas não me sinto preparado para manter aquilo que ele pede.
Acho cedo pra dizer que acabou, mas também penso ser tarde para tentar de novo. E se tentar de novo, poderá ser melhor do que foi? Sentia que juntos podíamos voar. Sentia você parte de mim... perto de mim... em mim... eu por completo.
Tenho medo de ouvir você dizer que nossa história é passado, e que no passado deve permanecer. Ouvir você retornar as minhas palavras dizendo que não sente nada. Que eu pra você não existo mais. Porém tenho mais medo de ouvir o contrario disso. Tenho medo de olhar nos teus olhos e dizer que ainda te amo como antes ou até mais e no retorno dado pela tua voz, ouvir da tua boca as palavras: Eu também.

30/07/2010

NADA TEM FIM

Certa noite fui dormir. Brinquei o dia inteiro e chegando a noite minha mãe colocou-me na cama e eu adormeci. Acordei no dia seguinte e tudo estava mudado. O quarto não era mais o mesmo. A cama havia mudado... e por incrível que pareça, a casa não era aquela que eu estava na noite anterior. O tempo passa e na pressa a gente não nota que a lua mudou varias vezes o seu formato.
Levantei assustado... enquanto corria procurando alguém que me explicasse o que estava acontecendo passei por um espelho. E, naquele momento eu vi que não foi apenas uma noite que se passou e sim alguns anos... uns bons anos.
O meu rosto não mostra mais a inocência de um menino de 5 anos. A idade não se mostra apenas no meu rosto... se mostra também nas falhas que já começam a aparecer nos meus cabelos. E neste mês de agosto se mostrará na folha do calendário. O vestuário da minha mãe mudou. O seu rosto já mostra marcas que expressam cansaço, cansaço causado por mim, naquela noite que eu pensei estar dormindo. Minha irmã que a alguns dias era um bebê, vira a pagina do seu diário onde anota coisas de sua adolescência, coisas que recordará pra sempre. Em vez de me arrumar para ir à escola, onde fazia o prézinho juntamente com alguns coleguinhas vou ao trabalho. Mudou o uniforme. Mudou o objetivo da minha existência... eu ainda não tinha percebido, e se tinha, fiz de conta que não.
Fui conservado em uma bolha. Longe do mundo real. Mundo que hoje faço parte e me deparo hoje com quase 23 anos e nada de concreto na minha vida. Não mudei... não cresci até hoje. Me mantive aquela mesma criança com o objetivo de brincar a cada dia até que este chegue ao fim.
Mas sabe o que é bom? Eu acordei e [...] Sempre chega a hora de arrumar o armário [...]. E a minha hora de arrumar o armário é agora. Hoje começou o meu futuro. Começou tarde, pois até então era só de presente que eu vivia a vida. Mas o que me acalma é saber que o tempo faz tudo valer a pena. Tudo é aprendizado e até os nossos erros não são desperdício. De tudo se aproveita algo.
Algumas grandes lições eu tiro disso tudo:
* Estudar sempre... alimentar nossa mente é indispensável. Isso tornando a nossa existência algo substancial e significativo.
*Buscar a Deus... alimentar nosso espírito, percebendo assim que alguém maior que eu olha por mim, se alegra por mim, chora comigo e me trás a sensação de que não estou sozinho.
* Procurar um emprego de verdade... sempre me dediquei as empresas que passei porém sem retorno (financeiro) nenhum e nem perspectiva de crescimento. Quero um lugar que eu use aquilo que aprendi até hoje.
* Ser sempre grato as pessoas a minha volta... por bem ou por mal todos nos trazem grandes ensinamentos, sendo através de sua amizade ou de sua inimizade. Todos deixam um pouco de si pra nós e levam um pouco de nós consigo.
* Amar incondicionalmente nossa família... toda ela, pai, mãe, irmãos, avós, tios, primos... todos eles são um pouquinho de nós. O sangue que corre nas minhas veias também corre nas deles. Consigo ver um pouco de mim em cada um deles. E creio que eles também vêem um pouco de si em mim.
* Ter um plano estabelecido... planos fazem com que tenhamos um objetivo para acordarmos todas as manhãs. Planos nos obrigam a correr atrás daquilo que nos trará felicidade a após atingidos, percebemos que a felicidade não estava apenas em alcança-los mas na sua busca e diária.
* Eu cresci, hoje sou um adulto, com os mesmos medos de quando era criança. Porém o monstro do armário hoje é menor que eu. Hoje sou mais forte do que era ontem. E amanhã serei mais forte do que sou hoje.
O final da minha fase de ilusão de vida acabou e com esse grand finale, um grande inicio se mostra a minha frente. Um belo livro repleto de paginas a serem escritas por mim. Na minha história eu sou o personagem principal e como o único autor dessa história, quem a faz sou eu.
Mas o desfecho da minha história fica a meu critério escolher... comédia, drama, romance...
E vejo que tudo ao meu redor muda, [...] Tudo cresce. E o inicio deixa de ser inicio e vai chegando ao meio, aí começo a pensar que nada tem fim [...]. Pois o final de algo é o recomeço de alguma coisa maior e melhor.
Aí começo a pensar que nada tem fim... e realmente, nada tem fim.
29/07/2010

AGOSTO, MÊS DO DESGOSTO

[...] fui eu quem se fechou num muro e se guardou lá fora. Fui eu quem, no esforço, se guardou na indiferença. Fui eu que consegui ficar e ir embora... eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar nas MANHÃS DE SETEMBRO [...]
Sempre ouvi a expressão “Agosto, mês do desgosto” e nunca concordei com ela, até este ano. Me deparo as portas do mês de agosto e esse mês que tanto amei, por ter uma data muito especial pra mim, mostrou-se frio e sem cor este ano.
Não tenho animo para comemorá-lo. Nem sei se tenho motivos para comemorá-lo. Sei que durante os 31 dias deste mês de agosto vou acordar achando tudo indiferente... achando todos os dias iguais. E nem ganhar milhões na Mega Sena me deixará feliz este mês.
O mês de agosto para mim é o mês do PRESTA CONTAS. Presto contas a mim mesmo do que fiz na minha vida e sempre me decepciono com meus resultados. Sempre passo por uma crise. Sempre caio numa deprê desgraçada que me leva mais abaixo do que em momentos normais eu me sentiria. Dia 21 então, é pedir pra morrer. Se eu puder ficar amarrado nesse dia e vigiado melhor. Porque esse dia dói. Ele me mostra que mais um ano passou... e simplesmente passou. Não fez diferença alguma na minha mera existência.
Lá pelo dia 31 começo a me recuperar, reconstruir meus castelos dos sonhos, me replanejar. Mas este ano quero chegar ao dia 21 de agosto com meus planos já estabelecidos e metas traçadas. Saber querer é minha meta para o dia 21 de agosto. E hoje eu sei que sonhos pequenos cansam e desanimam enquanto que sonhos grandes nos motivam e encorajam.
E parte desse sonho eu acho que já sei qual é, e posso defini-lo como uma busca. Preciso de um Google na minha vida. Preciso buscar por mim. Preciso buscar por novos ideais. Preciso buscar por sensações que nunca tive. Preciso buscar por alguém que não sei quem é... talvez seja eu mesmo.
Não vou me prometer não entrar em depressão este mês, pois vou. Isso eu sei. Sempre foi assim, aparentemente sem motivo, quem dirá este ano, quando no momento mais frágil do meu ano estarei sozinho. Buscarei uma mão para segurar e encontrarei apenas o vento da ausência e a brisa da saudade se encontrando com o vazio da existência humana.
Hoje busco alicerces fortes para meu castelo. Pois o construtor sou eu. E no final da vida, este castelo será minha memória aqui. Aquilo que fiz com minhas mãos. Boas notas, bom comportamento, boa conduta não dirão nada se nada tiver feito de concreto.
Meu ano termina em agosto, e pra meu inicio de ano, em setembro, desejo novos sonhos... novos amigos... novos lugares... quero o novo... o inesperado... quero novidade. Manter o que deve ser mantido e eliminar o que deve ser eliminado.
Setembro será o meu mês, e como a cantora Vanuza, o diabo loiro da juventude na jovem guarda, dizia em sua canção [...] eu quero ensinar o vizinho a cantar nas manhãs de setembro [...], em agosto estarei afinando minha voz, as cordas do meu violão, preparando minha banda, pois quando o show começar... a minha turnê será mundial... quero ir de norte a sul, de leste a oeste... pegar os quatro cantos da terra. Pois como já disse, o mundo é meu... e quero cada pedaço dele. Meu presente será conhecê-lo e conquista-lo.
E quando mostrar o meu valor e a minha capacidade a mim mesmo, talvez não seja mais tão doloroso o mês de agosto pra mim. E quem sabe o meu inicio de ano seja em janeiro como de todo mundo e meus sonhos e ideais estejam firmados dentro de mim sabendo que o que quero eu posso e consigo. Basta apenas acreditar em mim, ter Deus no meu coração, ser o mais justo possível, honesto com as pessoas e comigo, respeitar meus limites e fechar os ouvidos para aqueles que coaxam por não terem a capacidade que tenho e por não serem como eu sou.
E então ensinar, não só o vizinho a cantar nas manhãs de setembro, mas o mundo todo nas manhãs do ano inteiro.

24/07/2010

NOS TRILHOS DA EXISTENCIA

Caxias do Sul, nos trilhos do progresso. As pessoas ficam maravilhadas com o crescimento da cidade, sua expansão e seu desenvolvimento. Porém eu me assusto e ao mesmo tempo me preocupo, pois os meus trilhos não me levaram ao progresso, nem ao sucesso, e nem a felicidade... e essa frase trouxe-me novamente para dentro de mim.
Ao chegar dentro de mim, vi um trilho abandonado com a seguinte frase: RENATHO, NOS TRILHOS DO RETROCESSO. Trilhos que me levaram a seguir direções pré-estabelecidas por outros... caminhos que outros tomaram... mas que me impediram de seguir meus próprios sonhos e desejos.
Durante muito tempo pensei ser eu um trem, caminho já estabelecido. Ter que ver sempre os mesmos pontos de embarque, as mesmas horas programadas e fazer tudo direitinho para que a cidade, ou as pessoas ao meu redor tivessem um progresso. Até que com o passar do tempo vi que não sou um trem e sim um automóvel, um carro, não sou uma Ferrari, mas também não sou um trem. Durante tanto tempo andei por trilhos feitos por outros, com sacrifícios, trabalho duro e planejamento, mas não era isso que eu queria pra mim. Não era isso que me deixava feliz.
Percebi que, como um carro eu podia ir para onde quisesse, na hora que quisesse e do jeito que quisesse. Tinha tudo nas mãos para fazer da minha existência a existência completa e feliz que sempre sonhei. Poderia ser tudo aquilo que sempre sonhei, freqüentar os lugares que sempre quis, conversar com as pessoas que sempre me encantaram, porém devido ao tempo que andei nos trilhos já existentes antes do meu nascimento, programados para mim por aqueles que me amam com todo o carinho, que agora não sei pra onde ir.
Não foi programado e feito por eles para o meu mal, porém esse trilho me levava ao que eles consideram felicidade, vida, existência, trabalho, relacionamento, amigos... não foi levado em consideração as minhas vontades, e desejos na construção deste caminho. Fiz o que os deixava feliz até hoje, porém eu não era feliz. E entre a minha felicidade e a deles, hoje, opto pela minha... eles seguem o trilho que a vida lhes colocou no caminho e se adaptaram a ele e assim sentem-se felizes, completos e seguros... eu não.
Não quero voltar a andar em trilhos... sou muito maior que isso... e depois que percebi ser livre na estrada como poderia me limitar aos trilhos novamente? Porém não sei como fazer a partir de agora. E como carro, perdido numa estrada desconhecida, estacionei num acostamento.
Neste acostamento vejo os carros de antigos trens que hoje tem vida própria e caminho traçado por eles mesmos e não por outros. Descobriram desde cedo que não eram trens e sim carros... outros nem carros são, são aviões, aeroplanos, helicópteros, e outros inclusive pássaros. Vejo o brilho em seus olhos e queria também sentir os meus brilhando assim, mas todos seguem seu caminho, nenhum pára, nenhum me da o caminho a seguir pois, cada um tem um caminho diferente. Estão correndo atrás daquilo que os fazem felizes. Mas eu nem sei o que me faz feliz. Quem me faz feliz, ou melhor, o que é a felicidade? Seu sabor, sua sensação, seu calor...nessas horas, sinto saudade da segurança que o trilho me passava e sinto medo da estrada que se mostra na minha frente agora. Pelo retrovisor vejo tudo que se passou comigo: embarques, desembarques, chegadas, partidas, atrasos, problemas mecânicos de uma vida que não era minha e sim daquilo que pensava ser.
Hoje, não sei quem sou e nem penso em ser alguma coisa. Não sei o que eu quero ser. Os carros passam... uns devagar, admirando a paisagem. Outros a 200km/h e assim vão. Certos daquilo que querem. A mim, cabe a poeira que todos eles deixam, pois eles percorrem a estrada da vida... enquanto eu, permaneço no acostamento da sobrevivência.
Se me perguntarem pra onde vou, terei que responder que não sei... e neste mundo, quem não sabe pra onde vai... qualquer lugar serve, mas qualquer lugar não é o meu lugar.
To esperando... esperando uma placa... esperando uma bússola... esperando um sinal de fumaça... esperando um braço forte que me coloque novamente na estrada... esperando um sinal de onde devo ir... mas a decisão eu tomei.
Eu não sei aonde vou... mas agora eu vou!
E quem sabe, daqui alguns anos eu possa visitar-me dentro de mim novamente e ver um lugar grande, bonito e com uma placa indicando que ali está o Renatho, nos trilhos da sua existência!
22/07/2010

É PRA NÃO FICAR PIOR

[...] Hoje eu to sozinho... e já que eu to só, não sei se me levo ou me acompanho. Mas é que se eu perder, eu perco sozinho, mas seu eu ganhar, aí é só eu que ganho [...]
Amores que matam... amores que enlouquecem... amores quentes... amores de novelas... amores impossíveis... amores e amores. Atire a primeira pedra aquele que nunca fez o que é descrito no parágrafo logo abaixo. Nem eu, cético em relação ao amor e egoísta posso dizer que já não me encontrei desta forma.
Quem nunca morreu por um amor? Ou matou por um? Quem nunca sonhou com a pessoa ideal? Quem nunca fantasiou encontra-la e reconhece-la num olhar e no momento seguinte seus lábios se tocam como que por mágica... movimento suave e delicado... os corações aceleram... você percebe que aquela é a sua cara metade, a metade da sua laranja, sua alma gêmea. Vocês começam um relacionamento super romântico e amoroso... muitas caricias mas também muito companheirismo, amizade e afinidades... aí você acorda!
Você esta sozinho! Numa cama enorme agarrado ao travesseiro como se fosse perde-lo. E aquele é seu grande amor no momento: o travesseiro, isso porque ele não pode fugir. Você levanta, toma uma água pensando em como seria bom se teu sonho se tornasse realidade. Mas desculpa a franqueza: Não se tornará. Não que desejo isso a você, mas isso acontece com todo mundo. Aí você volta à cama vazia e se depara com um monstro sobre ela. Você não tinha visto ele ali, mas agora você vê. O monstro da solidão. Um dementador terrível e implacável. Pra quem não viu Harry Potter, são seres que chegando perto, sugam a sua alegria e seus momentos bons, deixando apenas uma tristeza e depressão profunda.
Ao seu lado você se deita, afinal, aquela é sua cama e o intruso ali é ele. E ele te envolve com seus braços... seu hálito gelado te faz lembrar todas as pessoas que te amaram e as que você amou. Eu não posso reclamar de não ter sido amado por muitas pessoas, meninas e meninos, mulheres e homens, bonitos e feios, lindas e menos privilegiadas. Nunca tratei mal a nenhum deles, mesmo em alguns casos não podendo retribuir da mesma forma... mas a minha amizade sincera e profundo carinho eram deles eternamente.
As vezes conhecemos alguém... gostamos... até nos apaixonamos... porém no dia seguinte a cama está vazia novamente.
O problema não estava com nenhuma das outras pessoas. Estava comigo. Parece frase clichê, mas não o é. Não estou preparado para amar ninguém. Quando percebo que estou me apegando a alguém, minha auto-defesa é me afastar. Assim sofro menos. As pessoas que namorei até hoje saíram muito machucadas da relação... com marcas, muitas vezes, semi-definitivas. Juro que algumas vezes até me esforcei para fazer dar certo. Nunca traí. Espero que nunca tenha sido traído, apesar de saber que isso não é verdade, mas prefiro pensar que a mesma fidelidade que dediquei, também recebi... isso me acalma.
Mas por incrível que pareça, não termino com as pessoas pensando que sou melhor que elas... muito pelo contrario. Sinto-me indigno de estar com elas e assim acabo todos os meus relacionamentos. Eu vou me afastando silenciosamente até que o silencio se faça gritos abafados de dois corações quebrados.
Aí percebo que o meu sonho de casamento vai por água a baixo... o rio da vida o leva. O sonho de filhos (sim, queria ter filhos, porém tento convencer-me que não os terei, pois a frustração será menor ao final da minha vida quando este não tiver sido realizado) este sonho também se vai... o rio levou. Não tenho como resgata-lo... já está muito longe de mim.
Toda noite acordo com este monstro na minha cama... me sufocando com seu abraço apertado... não posso me livrar dele, pois ao livrar-me dele outro virá... o da consciência pesada, pois sei que não estou e nunca estarei preparado para levar um relacionamento a diante ... e isso me mataria.
Não quero mais sofrer... não quero mais fazer ninguém sofrer... por isso que... [...] hoje eu to sozinho, e tudo parece maior, mas é melhor ficar sozinho que é pra não ficar pior [...]
[...] – frases escritas entre os colchetes e três pontos são da musica “Hoje eu to sozinha” da cantora mineira, Ana Carolina.
17/07/10

MENINO? MENINA? G? L? B? T?

O que você é? Se tivesse que se definir, como se definiria? Se tivesse que se descrever, como faria tal discrição?
Por mais que eu responda a todas estas perguntas da forma como as pessoas consideradas “normais”: Eu sou o Renatho, 22 anos, moreno (ficando loiro aos poucos), baixinho, de óculos etc, isso não é realmente o que as pessoas querem saber. Veja abaixo como se classificam essas perguntas:
PESSOAS “NORMAIS” - RENATHO
O que você é? – Você é gay?
Como você se definiria? – Você se definiria gay?
Se descreva – Você é ou não gay?
Você ta namorando? – Você namora menina ou menino?
Você deve estar se perguntando agora, além da minha sexualidade, claro, o porque deste texto abordar este assunto. Vou explicar:
Desde cedo tenho que responder as perguntas da segunda coluna por onde passo. Colegas de aula, de trabalho, de curso e até de igreja. Uma vez ainda perdia meu tempo respondendo a essas perguntas, hoje não mais. As pessoas não querem saber porque gostam de mim, mas por pura curiosidade, pra fazer fofoca e na maioria das vezes, por maldade. Podem acreditar. Em pleno século XXI as pessoas ainda não entenderam, não aceitam e muito menos respeitam a diversidade. Mas teve um caso engraçado que me ocorreu há algum tempo.
Estava eu atendendo a uma senhora usuária do cartão SUS quando a sua filha pequena vira pra ela e pergunta: - Mãe, ele é menino ou menina? Naquele momento meus olhos fulminaram a mãe da criança, pois diversidade se explica em casa, e a criança não tem culpa, pois ela é apenas fruto de uma sociedade sem um pingo de educação.
Outro fato ocorrido no mesmo local foi de um menino pequeno. após atende uma mulher jovem ela vira as costas para sair e eu ouço seu filho perguntar: - Mãe, ele é boiola?
Só esta semana, tive que ouvir duas vezes esta mesma pergunta. As pessoas não cansam de xeretar? De cuidar da vida dos outros? Se a vida dos outros é melhor que a sua, mude a sua então. Gosta de dar uma espiadinha na intimidade de outros? Vai assistir Big Brother, Casa dos Artistas dentre tantos realitys shows patéticos e invasivos.
Certa vez uma jovem de uma denominação evangélica bem conhecida me fez a pergunta tema deste post e eu perguntei a razão pela qual ela me fazia esta pergunta e a resposta dela foi tão incrível que eu perdi o chão: - Minha igreja tem um centro de reabilitação de gays, se tu quiser eu converso com eles, tu faz uma entrevista com o pastor e se Deus revelar pra ele tua vontade de mudar ele te encaminha pro tratamento.
Quase perguntei se eu tinha assumido a minha sexualidade naquele escritório de informática... mas respondi que não havia necessidade de tal esforço pessoal por uma pessoa que ela mal conhecia.
Visitei uma outra denominação a alguns dias e lá, algumas pessoas, inclusive conhecidos meus, líderes dessa denominação nem me cumprimentaram alegando ser eu um fornicador, uma abominação perante Deus. Tenho uma teoria a respeito disso, essas pessoas gostam tanto de mim que querem achar motivos para que eu não me salve e vá para o inferno passar a eternidade com elas, porque depois de atitudes como essa, não me venha dizer que elas vão para o céu.
Ler a bíblia, decorar versos, dar estudos bíblicos, abrir células, abrir igrejas não te torna uma pessoa melhor que eu, até por que, pelas tuas atitudes vejo que a arrogância te impede de ver aquele que disse que veio servir e não ser servido, que quem quiser ser o primeiro, que seja o ultimo. Muitos dirão Senhor! Senhor! E ele lhes responderá: Não vos conheço!
Se a homossexualidade for meu problema, deve ser resolvido entre eu e Deus, sem intermediários e sem intrometidos. Homossexual ou não, sou um ser humano e mereço respeito!

16/07/2010

CARROSSEL

“O mundo é um parque. Que roda gigante e a vida gira feito carrossel”
Esta é uma parte de uma das musicas da Xuxa... no restante da musica ela fala das maravilhas da vida e das alegrias, mas eu vou me ater apenas nesta frase citada acima e você já vai entender o por que.
Quando estava nas séries iniciais, era um desconhecido no meio de desconhecidos. Só que agia um pouco diferente deles. Não fui criado na rua, não tive muitos amigos, não tive contato com outras crianças que não fossem meus primos, não via maldade nas pessoas. Achava que todos eram como eu. Me enganei. E me enganei feio!
No inicio, ouvia comentários a meu respeito que me deixavam chateado, mas não pensava nisso como ofensa. De inicio era o – mulherzinha – por andar mais com as meninas. Com o passar do tempo os nomes foram evoluindo – bixinha, gayzinho, viadinho, e iam nesta mesma ordem, porém com terminações em ona, ão e por ai segue. Até chegarmos na fase das agressões físicas. Eu apanhava e ainda tinha que ouvir os guris dizendo que iam me ensinar a ser homem.
Por mais que tivesse certeza de quem era e do que sentia em relação a mim e aos outros, aquilo me fazia mal... muito mal. Comecei a me afastar das pessoas, entrei numa depressão terrível. Tentei me matar. Preferia morrer a ter que encara-los todos os dias... o parque de diversões deles era a escola... e eu, uma das atrações preferidas. Hoje, chamam isso de bullig, na minha época era aprender a viver a vida sem ser fracote.
Adorava estudar, mas fui perdendo o animo de ir a escola. E aí começou meu tratamento com remedinhos que apesar de não curarem a minha dor, me anestesiavam em certas situações. Até que me disseram uma frase: - TUDO PASSA E O MUNDO GIRA. Me acalmei e pensei: - ÓTIMO, TUDO ISTO VAI ACABAR UM DIA. E terminada a 8º série do ensino fundamental tive que mudar de escola, pois a que eu estudava não tinha ensino médio. Um alivio para mim, um lugar novo. Ninguém me conhecia e eu poderia começar novamente.
Errado! Percebi que o problema estava comigo. Saí da antiga escola e levei os problemas junto. Logo de cara, tive a mesma sensação de fracasso ante as piadinhas e chacotas dos outros, porém desta vez eu não era o mesmo. Tinha aprendido a viver com essas alusões a minha sexualidade e nada mudava a minha opinião, claro que a medicação, e as duas consultas semanais à uma psicóloga me ajudaram muito... consegui sobressair os comentários de mau gosto e fui adquirindo espaço. Tinha aprendido a viver. Não foi fácil, mas consegui. Terminei o ensino médio e pensei: - MAIS UMA FASE ACABOU.
Errado de novo! Entrei na faculdade, não tive muitos problemas ali, pois Publicidade e Propaganda é um curso bem misto... existem pessoas de todos os tipos, raças, crenças, posições sociais, estilos de vida e orientações sexuais.
Me livrei de vez disso, pensei. Mais uma vez estava errado. Comecei a trabalhar, tive colegas maravilhosos, mas foi muito difícil ver a forma como alguns me olhavam, e por certas vezes as perguntas que faziam ou as indiretas que eu tinha que ouvir. Então me acostumei. Pelas empresas que passei tive que enfrentar isso, porém todos estão lá para trabalhar e não se incomodar e talvez até ser demitido.
Iniciei a pouco um curso pelas manhãs... uma turma boa de se trabalhar, porém três colegas me chamaram a atenção. Em sala de aula, ouço os mesmo comentários, as mesmas piadinhas e a mesma forma ofensiva de se referirem a mim. Exatamente igual ao ensino fundamental, médio, trabalho e agora neste curso. Esse ciclo não tem fim. Mudam os rostos, mudam os nomes, mas as pessoas são as mesmas. As mesmas mentes pequenas, as mesmas rédeas que as impedem de olhar para outro lado, a mesma falta de opinião própria. Só que o engraçado é que, estando um deles sozinho, este não abre a boca, precisam estar os 3 juntos para começar as possíveis tentativas de humilhação. Desculpem, já estou vacinado!

Enquanto eu cresço, aprendo, evoluo, aprendo a brilhar sozinho eles continuam lá, dependendo da luz de outros, de escadas para subir, de uma média medíocre para “evoluir” e receber um diploma escrito: Aprovado, média 5,0.
Desculpa, ser humano mediano para mim não serve. Ou eu sou 10 ou não sou digno de olhar para outros com olhar de cobrança. Quero ser o melhor em tudo o que faço. Não vou ser apenas mais um na multidão. Agir somente em grupo.
Agora, explicando a 2º frase da musica, posso dizer: O mundo é uma roda gigante e a vida gira feito um carrossel. Tudo recomeça... exatamente igual ao inicio. O caminho não muda, a velocidade não muda, a paisagem não muda... o que muda é a nossa emoção e reação em cada giro que o carrossel dá.

09/07/2010

BUSCA (IN)CANSÁVEL

A noite é uma tortura... correntes de fantasmas imaginários do meu passado não me largam... ouço seus gritos, seus pedidos de perdão abafados pelo som de muitos erros que se sobressaem aos anteriores.
Busco uma luz... que diziam haver no meu olhar... nada! Só encontro um olhar vazio que busca por respostas que possivelmente nunca encontrará. Nas fotos de infância, vejo uma criança morta, que foi esquecida por todos... não se sabe como sumiu e por que sumiu.
Tem um estranho dentro da minha casa. Alguém que não reconheço mais. Olho seus e-mails, orkut, twitter, blog, computador e o pior... o seu espelho. Vejo alguém refletido ali, mas esse não sou eu. E também não é aquela criança.
Aquela criança era meiga, amada, carinhosa... e eu nem sei quem sou hoje, mas não me reconheço mais. Todos buscam sua própria identidade. Com o tempo se acham... eu, com o tempo me perco.
Casei de rótulos: se está acima do peso: gordo!; se está abaixo: anorexico!; se usa óculos: quatro olhos!; se é delicado: bicha!; se procura ajuda: fraco!; se não procura: teimoso!; se faz o que quer: rebelde!; se apenas obedece: marionete!
Não precisamos de rótulos. Não bastasse as condições que a vida nos impõe: sexo, raça, cor do cabelo, cor dos olhos, altura, etc. ainda temos os rótulos que as pessoas nos colocam. Nos julgam e nos condenam por aquilo que julgam ser o certo. Acham estar sempre certas em tudo.
Hipocrisia... nossa sociedade é orientada pela hipocrisia, agimos pela hipocrisia, respiramos pela hipocrisia, vivemos uma hipocrisia.
Mas não é culpa nossa (que desculpa ridícula). Começamos tentando aparentar ser aquilo que não somos para agradar aos outros. Usamos roupas escolhidas a dedo pela grande industria da moda, que manipula seus seguidores a envergonharem aqueles que a ela não se dobram. Compramos produtos de marcas famosas para mostrar status e mascarar os pobres, cegos e nus que somos. Dizermos que somos alguém, quando na verdade nem sabemos o que somos.
Tudo nos foi imposto antes de nascermos (obrigado pela frase, Cazuza)... mas aí crescemos e damos continuidade a esse estilo patético e ridículo de vida que aprendemos... e passamos adiante com nossos filhos. Mas o grande problema não é passar uma cultura errada e sim, confundirmos a mente daqueles que como eu, não tem muito auto controle e nem uma base mental sólida.
Deixamos essas pessoas perdidas, sem saber para onde correr, tiramos seus gostos, seus desejos, suas vontades e as ensinamos como devem viver para nós ficarmos felizes com elas.
Com o tempo elas percebem que não se encaixam em nenhum grupo, da família parecem parentes muito distantes, não se ambientalizam, buscam uma comunidade, uma sociedade para fazer parte, sentirem-se importantes e quando não encontram se frustram. Uns acabam com suas dores... outros se deixam levar pela correnteza. Colocamos as pessoas dentro de labirintos: labirinto das drogas, labirinto do sexo desregrado, labirinto do excesso de álcool e as vezes, dentro do labirinto de si mesmas... e depois as culpamos pelos caminhos que seguiram... julgando estarem erradas quando na verdade em vez de estendermos a nossa mão para elas, damo-lhes bofetadas na face para sentirem a vergonha que nós não sentimos apesar de tudo o que fizemos... as deixamos sem escolhas, sem caminhos, sem saídas. Parabéns pra nós!!! Conseguimos o que queríamos!!! Mais um derrotado, fracassado. Como se eu ganhasse vendo outro perder.
Perdido dentro de mim. Pior, preso dentro de mim... e por não me conhecer, não sei como sair! Se aquele do espelho pudesse me ajudar, mas vejo em seu olhar que está mais longe das respostas do que eu. Já andou por onde disseram para ele andar, percorreu caminhos que achou ser o certo e em vez de respostas trouxe mais perguntas... se aquela criança das fotos me ajudasse, mas ela não existe mais... seu sorriso naqueles papéis vai ficando amarelado... sua essência sumindo... seu legado perdido... suas palavrinhas num eco distante.
Perdi-me dentro de mim
Quando me achei não me reconheci, por isso não me ajudei
Ali fiquei. Pensando ter passado por mim...
Ali chorei. Não por não poder sair...
Mas por ter saudades de mim.
08/07/2010

CIRCUITO V1 (VIDA UM)

Casas, carros, viagens, pessoas, posição social, ... poderia enumerar X coisas que nos prendem a vida, mas este, realmente não é o caso.
Parei hoje pra pensar em como anda a minha vida. Me vi num circuito parecido com aqueles que vemos na Formula 1: uma rua cheia de curvas, curvas de vários tamanhos, e de várias formas mas que me levavam sempre a posição inicial.
Se fosse uma escala numérica, meu dia seria assim: 1 – 3 – 5 – 7 – 10 – 1- 3 – 5- 7 – 10, num ciclo interminável.
Minha vida consiste em: dormir – acordar – trabalhar (no momento nem isso, mas) – comer e assim sucessivamente nessa mesma linha de raciocínio. O foco não muda, as palavras não mudam, o objetivo não muda. A gente descansa pra poder trabalhar... estuda pra arrumar um trabalho melhor... trabalha pra poder comer... come pra ter forças pra trabalhar... e descansa para o cérebro fazer uma pausa entre o trabalho, a comida e o estudo.
Já tive um objetivo na vida. Já tive o porque acordar todas as manhãs e sair. Tive uma pessoa muito especial, que dizia diariamente ao me acordar que me amava e só por mim ainda estava viva. Certo dia o corpo dela não viu dessa mesma forma e decidiu parar. Ali eu percebi a grande contradição daquilo que ela acreditava: Eu estava vivo por causa dela... e não ela por minha causa.
Hoje, 30 de junho, faz exatamente 6 meses que não sinto mais o seu abraço, o seu carinho, não tenho mais a sua voz me acordando e dizendo um sonoro BOM DIA, um maravilhoso EU TE AMO. Faz exatamente 6 meses que ando perdido por aí buscando um novo motivo que me prenda a vida... fui nos meus arquivos e nada!
Viver, acordar, trabalhar, constituir família, fazer festa, ter um nome reconhecido... nada disso me trás a vontade de seguir em frente que eu tinha antes... se antes os remédios controlados faziam parte da minha vida, agora fazem parte do meu KIT SOBREVIVENCIA.
Sou um viciado? Pode ser. Mas isso ainda me mantém de pé. Isso faz com que eu tente seguir o ciclo da vida. Não estou desistindo de viver ... mas hoje decidi: não procuro mais algo que me prenda a vida, simplesmente vou esperar por aquilo que me desprenda dela.
Vou continuar a trabalhar, estudar, viver, ler, escutar musica, fazer o que sempre fiz... não nego e não largo minhas obrigações... até o dia em que meu corpo entrar em acordo com a minha mente e ver que insistir nesse circuito sem chegada e nem pódio de vitória não vale a pena e calmamente parar.
Dedicado à razão do meu viver... VELHA, te amo pra sempre!

30/06/2010