MEUS EXEMPLOS MORRERAM DE OVERDOSE

Televisão faz parte da minha vida, cresci vendo seus shows, espetáculos, estrelas, mitos, tapete vermelho e por trás disso as manchetes que relatam o lado obscuro após o fechamento das cortinas.
Artistas que admiro do fundo do meu coração tiveram seus momentos de glória, glamour, fama, sucesso, dinheiro, prazeres, ruína, degradação da própria imagem, e seu final. Overdose de si mesmos. Cada um trazendo a sua bagagem emocional...
Marilyn Monroe, uma atriz acima do padrão, porem pouco valorizada em sua época. Uma mulher linda, capaz, competente. O que a levou a ruína? Não sabia do seu potencial. Não tinha noção de que em suas mãos estava a revolução da mulher na TV, no cinema e na musica. Hoje um mito, na época, apenas uma atriz medíocre.
Elvis, grande ator, compositor, cantor, produtor, grande dentre os grandes. Não mudou apenas uma geração, mas mudou o mundo, com seu ritmo novo, seu gingado e claro, seu topete. O que o levou a ruína? Não tinha noção de que apesar de ser um ícone, era apenas um humano mortal, com limitações e dificuldades. Não aceitava isso... achava-se indestrutível, vivia como se fosse ser eterno.
Cazuza, um dom nato para escrever, compor, cantar, presença de peso nos palcos, programas... chegava e tudo se iluminava, sua irreverência, seu humor, seu potencial, sua alegria que irradiava a todos ao redor. O que o levou a ruína? Não sabia o que queria. Queria tudo e não queria nada. Não existe(ia) meio termo para ele. Tudo era extremo.
Raul Seixas, musicas profundas e voz única. Gritava por revolução de uma forma alternativa. Não a convencional. A voz da juventude de sua época... e voz de muitos jovens hoje também. O que o levou a ruína? Chegou aonde queria, e aquilo não trouxe a ele a felicidade esperada. Esperou demais do sucesso e se desencantou com ele quando o reconhecimento de seu trabalho chegou.
Carmem Miranda, atriz fantástica, cantava sambas em filmes de Hollywood. Uma das maiores cantoras, atrizes brasileiras no exterior, apesar de não ser brasileira, mas deixamos assim, ela sentia-se brasileira e amava esse pais. O que a levou a ruína? Conseguiu tudo o que sempre sonhou... destaque tanto para ela como para seu país, no caso o Brasil. Tinha o privilegio de gravar seus filmes em cores... era o sonho de muita gente na época. Ela realizou. Tentou se desprender da personagem abrasileirada baiana e não conseguiu. Tornou-se escrava de seu próprio personagem. Carmem Miranda sem bananas na cabeça e sem samba no pé não tinha valor. Fez dois filmes em preto e branco sem a personagem. Ambos com baixa vendagem e pouca divulgação. Um fracasso seguido de outro. Não bastando isso, um casamento fracassado, seu país que a rejeitou e uma vida presa num personagem caricata.
Não cheguei a acompanhar nenhum deles em vida, mas por admirar seus trabalhos, seus desempenhos de acordo com a época em que viveram e onde conseguiram chegar, tornaram-se exemplos de força, de trabalho e de vitória para mim, mas acima de tudo exemplo do que não devo fazer.
Devo conhecer minha capacidade, não exigir nem mais e nem menos daquilo que sou capaz. Manter a minha humildade, sou apenas um ser humano, não sou eterno e nem estou livre de errar, admitir meu erro, e valorizar quem está ao meu lado. Não viver e extremos, tirar o máximo de proveito de cada situação sem me expor a riscos. Saber aonde quero chegar e quando chegar, estar preparado para receber aquilo que me será dado, não me frustrando com os resultados obtidos. Viver sendo o Renatho e não um personagem criado para agradar a outros. Me livrei do meu personagem, hoje sou eu que faço a minha vida e [...] aquele garoto que ia mudar o mundo... mudar o mundo [...] não vai ficar assistindo a tudo em cima do muro não. Vai mudar o mundo mesmo.


17/08/2010