AMEM A ANORMALIDADE

[...] O Editor de palavras cruzadas no New York Times disse que temos o impulso natural por preenchermos os espaços vazios. Eu gosto de pensar que ele não se referiu apenas as palavras cruzadas, mas aos espaços vazios dentro de nós que surgem por vivermos num mundo que nem sempre gosta do que é diferente. Eu tentei preencher meus espaços com palavras, cruzadas e o Stivie. Mas essa não era a resposta. Agora eu sei, na jornada da vida, só precisa achar alguém tão normal quanto você, ou então, muitas pessoas... [...]
Maluca Paixão. Engraçado, divertido, reflexivo e inspirador. Assim definiria o filme que acabei de assistir. Ele mostra a diferença entre ela e as demais pessoas: um pouco distraída e desastrada, uma botinha vermelha que não combina com roupa alguma, um cabelo loiro que não acentua em nada a sua beleza, seu trabalho nada convencional, pois trabalha para um jornal criando palavras cruzadas, e por fim, já com os 30 e lá vai bico de idade, mora com os pais.
Nem preciso dizer que de cara me identifiquei com ela. Exceto... a distração, o desastre, as roupas, o cabelo loiro, a profissão pouco convencional, e a idade superior a esperada de ainda se estar morando com os pais e sem perspectiva alguma de mudar-se. Espera, até aí encaixou tudo... incrível...
Porque resolvi escrever sobre isso? Por que gostei do filme? Por que a Sandra Bullock, pra mim, é a melhor atriz de todos os tempos? Não. Foi por que a lição deixada pelo filme me fez repensar em tudo que tenho esperado pra mim nesses últimos tempos.
Ela, forçada a pensar em casar-se, se apaixona e atravessa o país perseguindo o “seu amor”. Na estrada encontra pessoas que fazem a viajem valer a pena. Certa altura do filme ela encontra o rapaz, corre ao seu encontro e acaba caindo num poço, onde a pouco tempo algumas crianças surdas haviam caído. Lá embaixo, encontra uma menina que havia sido esquecida.
Enquanto tenta tira-las do poço, aqueles amigos que fez na estrada, pessoas que cativou por onde passou, esperavam-na com faixas, velas, muita torcida e ansiosas pelo desfecho da história. Porém, no poço, ela estava sozinha. Apenas ela e uma criança. Depois de muitas tentativas fracassadas, ela senta-se ao lado da menina e elas conversam um pouco. Ela desiste, chora, diz que o chão vai desabar, que elas vão morrer e que sente saudades da sua casa. Esta conversa trás exatamente a essência do filme.
Ela diz pra menina que indo atrás do seu suposto amor, achava que se tornaria uma pessoa normal, e perguntada por que gostaria de ser uma pessoa normal, ela responde que não quer ser normal, mas isto é o que esperavam dela.
Quem nos diz o que é normal? Quem é normal? O que é ser normal? A sociedade aponta a roupa que devemos vestir e as pessoas dizem amém. A sociedade diz que você tem que casar se quiser ser feliz, e de geração em geração isso vai passando e todos dizem amém. A sociedade diz como devemos agir, nos comportar e sermos, e todos dizem amém.
Quem é a sociedade? Esse carrasco da humanidade. Somos eu e você quando concordamos com idéias pré-concebidas e não questionamos a sua importância e relevância, apenas dizemos amém. Somos eu e você quando mudamos as nossas atitudes ou abafamos nossos desejos e sentimentos por causa daquilo que os outros vão pensar e assim dizemos amém. E quem são as vitimas da sociedade-monstro? Somos eu e você, que rotulamos as pessoas que não se enquadram naquilo que estabelecemos como normal. NÓS somos as maiores vitimas de nós mesmos.
As palavras iniciais do post de hoje são as frases finais do filme. Agora te pergunto. Você é normal? O que é normal pra você? Você quer ser normal? Eu não quero. Nunca quis ser normal. Quero ser feliz. E ser diferente me faz feliz.
Correndo atrás do que os outros acham que será a nossa felicidade caímos num profundo poço que pode desabar sobre nós a qualquer momento, mas as pessoas não podem fazer nada para tirar-nos de lá, somente só mesmos. Mas pra que cairmos nos poço para percebemos que somos donos da nossa escolha e felicidade?
Estive no poço, e saí dele... hoje sei que minha felicidade não está no que esperam de mim, mas nas simples coisas que tornam o meu dia melhor e feliz. Como falar com um amigo que há muito tempo não via... comer aquele doce que somente minha avó fazia, e hoje eu também sei fazer... ver o sorriso no rosto das pessoas que amo... conviver com pessoas como eu, diferentes do considerado normal... porém felizes por fazerem aquilo que o coração manda... e assim sermos completos
Sou diferente... me orgulho em ser diferente... Ser diferente inclui fazer a diferença... não vim para mudar o mundo, mas para fazer com que a minha volta o diferente seja valorizado e o considerado normal seja questionado... Por onde passar, quero que as pessoas revejam seus conceitos... suas concepções e idéias... terminada minha tarefa ali, vamos para outra.
Sou “anormalmente” feliz hoje, justamente por ser diferente, por não ser normal.
01/08/2010

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