Deparo-me em meio a biblioteca da universidade. Meus olhos não acreditam no que vêem, o livro que despertou um interesse em assuntos de furacões e mudanças, Hilda Furacão de Roberto Drummond. Livro que deu origem a minissérie apresentada pela Rede Globo em 1996.
Fico estonteado não somente pela beleza de Hilda ou pelo enredo de seu romance, mas pela revolução feita por esta pessoa... que na verdade não sabemos se realmente existiu.
Hilda era moça de família, jovem, prestes a completar seus 18 anos, cheia de sonhos e desejos de uma vida simples porém feliz. Totalmente o contrario daquilo que passaria. Sua Madrasta seria cruel e implacável, seria a própria vida. Vitima de fofocas e insinuações falsas sobre sua conduta, é levada pela vida ao Maravilha Hotel, ironia da vida te-la levado a este lugar, o mais baixo possível nas camadas da sociedade de BH, onde se passa este romance.
Hoje, vejo pessoas por aí, possíveis Hilda’s. Pessoas que carregam sonhos e desejos, mas tem medo de se lançarem em busca deles. Preferem viver usando a capa da santidade, da boa educação, da boa família à viverem para correr atrás daquilo que as tornariam felizes.
Maltrata-me o coração ver nas ruas, pessoas que perderam seus sonhos, ou pior, nunca tiveram um para que perdessem. Não sabiam o que buscar por isso não buscaram nada. Hilda também como muitos deles não sabia o que buscar ou onde buscar, mas não se abateu. Buscou por onde a vida a levou. Até encontra-la. E nesse meio tempo não perdeu sua bondade, seu carisma, seu desejo de ver as pessoas desprezadas como seres humanos dignos de estarem ao seu lado.
Não se achava melhor que ninguém. Muito pelo contrario, estar na alta sociedade não a fez melhor que outros, mostrou-lhe que os mais desprezados as vezes são mais sinceros e honestos que os demais.
Classes sociais, cargos, nomes, títulos as vezes fazem com que as pessoas se tornem baixas, inescrupulosas, incapazes de ver o outro como ser humano, somente vêem a necessidade de manter a sua aparência, seu bom nome e sua reputação. Escondem seus defeitos e falhas... condenam aqueles que decidem não esconde-los que se aceitam como humanos passiveis de erros.
Todos nós temos qualidades e defeitos, não exponho os meus defeitos aos 4 cantos do mundo, mas se aparecem não os nego. Não tenho vergonha em admitir que sou falho. Que erro muito com meus amigos, minha família e as pessoas que mais amo. Mas a palavra desculpa serve para que quando eu erre sem perceber, possa de uma maneira ou outra tentar refazer aquilo que desmoronei, justamente por não ser perfeito.
Hilda’s Furacões... Renatho’s Furacões... Maria’s Furacões... José’s Furacões.. onde se encontram eles quando se precisam deles? Estão dentro de cada um de nós, quando decidimos esconder aquilo que somos para manter as aparências, estão dentro de nós quando decidem se vender a padrões baixos para manterem seu nivel e seu bom nome.
Não quero bom nome... não quero me vender à sociedade hipócrita que julga os defeitos do outro e não vê os seus próprios. Quero revolucionar, fazer mudanças em todos ao meu redor... se virar escândalo melhor... mais publicidade. E quem sabe com isso, outros furacões possam aparecer e juntos possamos refazer o caráter de uma sociedade que está maculado com a hipocrisia.
Brisas não fazem mudança... trazem acomodação. Mais furacões!! Preciso ser furacão... Precisamos de furacões... precisamos de pessoas que façam mais aquilo que da na cabeça... aquilo que o coração manda.
Mas não pense que na vida de furacões é tudo maravilha. Quem decide ser furacão é mal falado, é muito mal visto. Justamente por fazer aquilo que as brisas não fazem. E isso incomoda, irrita e por vezes até magoa aqueles que mataram a sua Hilda interior.
Aberta as inscrições para Furacões! Pré requisitos? Incapacidade de se calar diante da injustiça; vontade de ser uma pessoa melhor; vontade de tornar o mundo um lugar melhor; capacidade de ser você mesmo estando sobre pressão e o principal, ver as pessoas como únicas, especiais.
Pronto para assumir a função?
12/09/2010
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