AMORES PASSADOS NÃO MOVEM MOINHOS

Estava hoje a tarde a vasculhar a internet atras de lembranças do meu passado que me trouxessem um pouco de paz, sussego. Tenho andado meio distante e carente, confesso, e rever coisas da minha infância fazem com que esse vazio se minimize, mas me deparei com um vídeo da Xuxa com Ayrton Senna, onde ela deseja votos de felicidades no natal de 88 e logo abaixo como sugestão de vídeos estava uma entrevista recente em que ela fala dele, como sendo seu verdadeiro amor.
Admito que meus olhos se encheram de agua ao ver a entrevista, encher de agua é modéstia da minha parte, chorei! Chorei mesmo. Chorei por ela, chorei por mim e chorei também por todos aqueles que, assim como nós, não foram atras do grande amor de suas vidas quando tiveram a chance dada pelo destino.
Sim, já me apaixonei muitas vezes, mas amor de verdade senti apenas uma vez. Ainda sinto. Porém passou a minha oportunidade. Passou o tempo de voltar correndo e fazer diferente. Simplesmente passou, não volta. O destino me deu uma oportunidade gritante de ser feliz ao lado daquela pessoa e nunca mais essa chance apareceu.
Isso dói fundo. É uma dor absurdamente dolorida. Não existe dor pior. Nem dor de dente supera a dor de um coração desiludido. Ter do seu lado a pessoa certa, porém no momento errado. Assim era o que eu pensava. Não tinha aprendido ainda que o momento certo somos nós que fazemos. Sintonias diferentes? Para isso existe dialogo, negociação, um abre mão de certas coisas e o outro de outras, para juntos termos o nosso tudo.
Não sou famoso, ninguem vai me entrevistar perguntndo a respeito do meu amor. Para mim isso é melhor, reservo-me a momentos de solidão, quando sozinho dentro do meu quarto sinto a falta Daquela pessoa. Do seu sorriso, dos seus labios, do seu cheiro, do seu sabor, do seu carinho e sabe-se lá, até do seu amor.
Se fui correspondido? Não sei. Mas importante pra mim é que eu amei. Errei. Achei que emprego, faculdade e outros acessorios da vida fossem mais importantes, tudo na vida tem sua importância, mas não me dei conta de que tudo é passageiro.
Investi muito onde não devria ter investido e desisti daquilo que deveria ter tentado. Não digo que hoje ainda estaríamos juntos, pois relacionamentos são apostas que fazemos, mas sei que se tivesse investido hoje eu teria na memoria moementos que, infelizmente, hoje carrego apenas nos sonhos e devaneios da minha solidão.
Ame, doe-se de verdadade. Não de forma irracional, mas ame com todas as forças. Corra atras de quem você ama e com todas as letras diga a ela o que sente. Abra teu coração. Se ouvir um não, você tentou. Não faça como eu, no medo de um não, fiquei na certeza do nunca mais!
Desculpa te dizer isso agora, mas te amo. Amores eternos à você!

23/01/2011

FORA DA MARTHA, FORA DE MIM

Acabo de ler um livro da Martha Medeiros, minha inspiração – não que eu seja tão bom quanto ela, mas voltando ao livro, comprei ele num dia e terminei de ler no outro. Leitura facil, boa de se ler, passar o tempo, porém muito profunda e reflexiva quanto a questão de relacionamentos. Ainda mais pra quem já esteve na pele da protagonista. Eu estive!
Relacionamentos são complicados por si só. Mas o pior é quando tu encontra uma pessoa que não ama nem a si mesma, e a intensão dela é te fazer sofrer. Uma hora diz que te ama e não viveria sem você, na outra, acha que você está dando mole pra pessoa ao lado, vira as costas e te deixa sozinho e pra ajudar fica uns 3 dias sem atender o telefone. Depois disso volta como se nada tivesse acontecido.
Quando te ama, te faz ir as alturas, te beija da cabeça aos pés, te faz sentir unico. Seu toque, seus beijos, sua lingua e seu calor te envolvem de tal forma que você acha que precisa daquilo para viver. Dois minutos depois de se amarem loucamente briga com você por besteiras, desaparece, retorna como se nada tivesse acontecido e ainda diz que te perdoa. Mas quando volta, volta com cara de cachorro sem dono e com um fogo de prisioneiro quando chega num bordel depois de 30 anos preso na solitária. E voce perdoa e começa a pisar em ovos para não deixa-la irritada.
Isso aconteceu comigo. Entre tragadas e fumaças de cigarro, ouvia as mais carinhosas frases de amor. Palavras que fediam a fumaça – nada contra os fumantes. Me sentia completo, amado. Claro, depois de uma semana sem dar sinal de vida, porque num dia, por acaso, cumprimentei alguem que “não deveria” ter cumprimentado. Ouvir nesse momento que aquilo não era ceninha e sim uma forma de me proteger.
Proteção + carinho = um idiota apaixonado, quase ensandecido querendo a droga que tanto de dá prazer, mas ao mesmo tempo te destroi.
Fora de mim é o nome do livro que mostra a que ponto chega uma pessoa neste estado... Foi assim que fiquei. Porém quando o passado deixa de ser passado e começa invadir teu presente querendo se tornar um futuro novamente, você abre o olho – abre, não – arregala o olho e foge.
Já estive fora da Martha ao ler o livro. Já estive fora de mim ao viver essa situação e me entregar de cabeça para alguem que não valorizava nem a minha presença e nem meus sacrificios de amor. Quem já esteve fora de si sabe o que estou falando.
Quero amar alguem, poder enxergar essa pessoa no meu pensamento e me enxergar em seu olhar, me entregar, brigar e reconciliar – não num periodo de 5 minutos - , quero viver junto a não ao lado, paralelo. Quero amar alguem da forma mais intensa e pura, louca e lucida, profana e santa, mas acima de tudo quero amar a mim.
Quero amar alguem estando EU dentro de mim. Dentro de mim! Isso é amar alguem!
18/01/2011

COMO NOSSOS PAIS

Hoje, dia 19 de janeiro de 2011 faz exatamente 29 anos que a cantora Elis Regina descansou. Seu corpo perdeu os movimentos que tornavam o palco de suas apresentações num verdadeiro espetaculo. Porém a sua voz nunca se calou.
Quem nunca ouviu “nossos idolos ainda são os mesmos e as aparencias não enganam não...” ou quem sabe, “é pau, é pedra, é o fim do caminho,...” letras que ficam guardadas em nossa mente. Não cheguei a conhece-la no auge de sua carreira. Ao nascer ela já havia partido a muito tempo, porém seu carisma, sorriso e letras incriveis que gritavam por justiça e olhos mais atentos sempre me chamou a atenção.
Ela teve a cara e a coragem de fazer aquilo que todos deveriam fazer. Brigar por espaço, fazer-se ouvir. Foi ela mesma. Não usou mascaras. Foi franca e clara. Foi unica e inigualavel. Se olharmos para suas frases polemicas veremos que nada ela tinha de comum. Por exemplo: “Eu quero é ter vida privada e não privada na vida” ou então “A lucidez me leva as raias da Loucura” ou melhor “Dizem que a perfeição é uma meta, eu estava a cata dela, continuo a cata dela. Não sei se eu vou chegar lá algum dia mas eu queria morrer sendo eu”.
Realmente, sua voz não se calou. Hoje, pessoas que acompanharam sua carreira e morte cantam suas musicas, jovens que não a viram ao vivo, como eu, cantam suas musicas, vi uma menininha pequena outro dia cantar uma de suas musicas.
Sua voz está viva. Como em sua musica, a minha dor também é perceber que apesar de tudo o que temos fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. Não houve mudança de ideias. Não houve mudança que nos tornasse melhores. Estacionamos no tempo e no espaço.
Agora sim, “Alô Marciano. Aqui quem fala é da Terra. Você não imagina a loucura.” Nem Elis imaginou que ficaria pior do que na sua época. Mas ficou.
Suicidio, overdose, descuido, não sei o que levou a nossa menina da voz de ouro desta vida. Nem pretendo me ater ao fato disso. O que quero deixar frisado aqui é que essa voz falou alto e forte. Lutou por aquilo que achava certo e nunca se calou. Apenas se anestesiou das loucuras que a vida colocava e muitas vezes tentava empurrar gorla abaixo dela e ela, diferente de muitos de nós não aceitou. Ela se calou por tentar e não se fazer ouvir. Por lutar por quem não tinha vontade de se mexer. Por defender o meu e o teu direito, perdendo na vida dela, o espaço para sua propria existencia.
Relembrar esta lenda, esta estrela neste dia só me faz pensar mais naquilo que me prende a este sofá agora e não me deixa sair para brigar por aquilo que sonho e acredito. A comodidade da minha casa e da minha situação? O conformismo que se instalou nos meus debates e discussoes sempre com as pessoas de opiniões curtas e já pre formadas?
Não sei o que me mantem assim e muito menos o que te mantem assim. Mas como reflexão apara nós encerro esta cronica não com minhas palavras, mas com as palavras da homenageada, que em um paragrafo disse tudo aquilo que tentei fazer aqui em uma pagina e meia:
“Me tomam por quem? Uma imbecil? Sou algo que se molda do jeitinho que se quer? Isso é o que todos queriam, na realidade. Mas não vão conseguir, porque quando descobrirem que eu estou verde já estarei amarela. Eu sou do contra. Sou a Elis Regina Carvalho da Costa, que poucas pessoas vão morrer conhecendo”.
19/01/2011

FÉRIAS MERECIDAS

Comecei a escrever em julho do ano passado. Ótimo, consegui por pra fora aquilo que de outra forma ficaria trancado dentro de mim e me faria muito mal. Porém chegou uma hora que fiquei com medo de mim mesmo. Fiquei com medo da pessoa que descobri ser e de ver todos os sentimentos e emoções que posso carregar dentro de mim.
Chegou um momento em que tive de tirar férias de mim. Desde o natal não sentava para escrever. E olha que ideias apareceram. Mas decidi segurar. Decidi ler. Tive nas ultimas tres semanas um tempo para minha leitura. Escrever é bom, mas ler também.
Fui a uma livraria e comprei alguns livros: Trem Bala, Doidas e Santas, Divã e Fora de mim da autora gaúcha Martha Medeiros. Não me arrependo. Aprendo muito com ela. Me espelho muito nela. Gosto da foma como ela escreve, poe as suas ideias no papel. Torna visivel coisas que antes passavam desapercebidas por mim. Pude tirar férias das minhas ideias, aprender novas teorias, novas formas de escrita, novos desejos, sonhos, pensamentos e ideias.
As vezes reservo tempo para mim e nada melhor pra mim que a solidão e a companhia completa de um livro, que em suas palavras escritas e silenciosas gritam dentro da minha mente e me completam, ora me emocionam e ora me fazem rir como criança.
Não ler, não ver programas de televisão, não acessar a internet ou não conversar com a pessoa que senta-se ao meu lado no onibus me deixam paralisado no tempo, sempre com as mesmas ideias e pensamentos. Gosto do novo. Gosto de inovar e renovar. Gosto de dizer Azul hoje e Vermelho amanhã. Gosto de ser inconstante. De não ser o mesmo de ontem e saber que amanhã serei completamente diferente do que fui hoje.
As minhas férias não significam ficar de pernas para o ar vendo o tempo passar. Férias, pra mim, significa mais tempo para aperfeiçoar aquilo que sei fazer, aprender o que ainda não ser, conhecer lugares e pessoas que nunca pensei que existiam. As férias de mim mesmo representam a inovação, o recomeço de um novo eu. Um eu, com pensamentos e emoções reformulados. Novas ideias e perspectivas. Novas palavras e novos sentidos a elas.
Cada dia é um recomeço. Cada dia acordo diferente do anterior, mas tirar férias de mim mesmo faz com que eu volte mais forte do que sou, porém com uma roupa nova, roupa de conhecer aquilo que pra mim era estranho e perceber que mesmo tirando férias de mim eu não me abandono. Eu ando comigo, colado em mim, mas sempre aberto a tudo que a vida me apresentar.
Isso pode não tornar-me a pessoa mais feliz do mundo, porém chegarei perto, pois assim serei uma pessoa mais flexivel com os acontecimentos da vida, menos exigente comigo e com os outros e mais completo, pois a cada dia que passa descubro que um novo eu nasce, pronto para crescer e evoluir.
Felicidade, ainda nçao cheguei lá, mas estou mais perto dela do que estava antes. Você vem comigo?
19/01/2011

SOLITÁRIOS, BBB'S E FAZENDEIROS

Me pego as 23 horas e 45 minutos de uma quarta-feira assistindo a um desses realitys shows onde pessoas “comuns” passam por provas e testes em rede nacional por uma quantia X e generosa de dinheiro. O pior é que não julgo as pessoas por aceitarem fazer parte desses programas, mas sim a mim mesmo ao me deparar perdendo tempo vendo essas coisas absurdas.
Numa das provas eles tiveram de cantar o hino nacional. TODOS erraram a letra ou esqueceram. Patriotismo não faz parte do curriculo escolar de nenhuma delas e o pior, aquilo virou alvo de risadas e brincadeiras. Meudeusdocéu! A que ponto chegamos?!
Um momento de lazer é bom, porém perder tempo para ver pessoas – não generalizando – sem conteudo, muitas vezes sem carater, e muito menos personalidade. Cuidar da vida dos outros parece que se tornou rotina em nosso país. Ficar pela janela cuidando do vizinho é coisa do passado. Agora a gente liga a televisão e fica sabendo da vida pessoal, profissional e intima. Nada que acrescente ou faça com que eu melhore como ser humano.
Estamos na época do banal. Do ridiculo. Do vazio. Quanto mais vazio, sem sentido ou logica mais audiencia dá. O que me preocupa não é a audiencia que dá o programa e sim no vazio existencial das pessoas que assistem regularmente a esses programas, meu medo é que esse vazio existencia se reflete em suas ações e promações.
Não se perde mais um minuto com um amigo para conversar, tomar um café. Perde-se 5 minutos escrevendo um e-mail dizendo que estamos com saudades e convidando-os para um encontro que nunca chegará a acontecer.
Pagamos um onibus e vemos pessoas sentadas umas ao lados das outras, cada uma fechada em seu mundinho e lacrado por um fone de ouvido onde cada um em sua solidão usam o mesmo espaço porém em estações diferentes, não somente de rádios, mas vidas.
Solidão compartilhada. Ninguem mais quer viver sozinho sua propria solidão.
Não quero perder tempo com namoros arranjados, provas bestas de testes que seriam basicos para crianças em idade pre escolar. Quero conhecimento e cultura. Quero crescer e aprender cada vez mais. Viver de cultura inutil não me acrescenta.
Fiquei abismado quando, nesta semana, entrei em meu onibus e vi uma menina que sentou ao meu lado abrir um livro. Enquanto logo a frente um grupo de meninos escutava em seu celular musicas sem conteudo algum, a rebeldia sem causa. Perdeu-se o respeito pelo proximo. Perdeu-se a moral. Perdeu-se a individualidade. Não existe mais misterios. Todo mundo sabe tudo de todos.
Pode me chamar de velho, de antiquado, de quadrado, ultrapassado e até bossal. Mas não me rendo a essa nova era de auto exposição ridicula e desnecessaria.
Se o fulano casa ou deixa de casar, ótimo. Nem sei quem são, nem de onde vieram. Não me peçam para olhar para eles como se fossem os melhores ou os herois por terem ganhado um premio de dois milhoes tendo que expor sua vida e de seus familiares na televisão para todos verem. Não vendo e não troco minha liberdade de ser quem sou apenas dentro das quatro paredes da minha casa.
Assitir ou participar destes programas não faz mal a ninguem. O problema é quando eles refletem aquilo que temos por dentro: SOLIDÃO!

19/01/2011