SOLITÁRIOS, BBB'S E FAZENDEIROS

Me pego as 23 horas e 45 minutos de uma quarta-feira assistindo a um desses realitys shows onde pessoas “comuns” passam por provas e testes em rede nacional por uma quantia X e generosa de dinheiro. O pior é que não julgo as pessoas por aceitarem fazer parte desses programas, mas sim a mim mesmo ao me deparar perdendo tempo vendo essas coisas absurdas.
Numa das provas eles tiveram de cantar o hino nacional. TODOS erraram a letra ou esqueceram. Patriotismo não faz parte do curriculo escolar de nenhuma delas e o pior, aquilo virou alvo de risadas e brincadeiras. Meudeusdocéu! A que ponto chegamos?!
Um momento de lazer é bom, porém perder tempo para ver pessoas – não generalizando – sem conteudo, muitas vezes sem carater, e muito menos personalidade. Cuidar da vida dos outros parece que se tornou rotina em nosso país. Ficar pela janela cuidando do vizinho é coisa do passado. Agora a gente liga a televisão e fica sabendo da vida pessoal, profissional e intima. Nada que acrescente ou faça com que eu melhore como ser humano.
Estamos na época do banal. Do ridiculo. Do vazio. Quanto mais vazio, sem sentido ou logica mais audiencia dá. O que me preocupa não é a audiencia que dá o programa e sim no vazio existencial das pessoas que assistem regularmente a esses programas, meu medo é que esse vazio existencia se reflete em suas ações e promações.
Não se perde mais um minuto com um amigo para conversar, tomar um café. Perde-se 5 minutos escrevendo um e-mail dizendo que estamos com saudades e convidando-os para um encontro que nunca chegará a acontecer.
Pagamos um onibus e vemos pessoas sentadas umas ao lados das outras, cada uma fechada em seu mundinho e lacrado por um fone de ouvido onde cada um em sua solidão usam o mesmo espaço porém em estações diferentes, não somente de rádios, mas vidas.
Solidão compartilhada. Ninguem mais quer viver sozinho sua propria solidão.
Não quero perder tempo com namoros arranjados, provas bestas de testes que seriam basicos para crianças em idade pre escolar. Quero conhecimento e cultura. Quero crescer e aprender cada vez mais. Viver de cultura inutil não me acrescenta.
Fiquei abismado quando, nesta semana, entrei em meu onibus e vi uma menina que sentou ao meu lado abrir um livro. Enquanto logo a frente um grupo de meninos escutava em seu celular musicas sem conteudo algum, a rebeldia sem causa. Perdeu-se o respeito pelo proximo. Perdeu-se a moral. Perdeu-se a individualidade. Não existe mais misterios. Todo mundo sabe tudo de todos.
Pode me chamar de velho, de antiquado, de quadrado, ultrapassado e até bossal. Mas não me rendo a essa nova era de auto exposição ridicula e desnecessaria.
Se o fulano casa ou deixa de casar, ótimo. Nem sei quem são, nem de onde vieram. Não me peçam para olhar para eles como se fossem os melhores ou os herois por terem ganhado um premio de dois milhoes tendo que expor sua vida e de seus familiares na televisão para todos verem. Não vendo e não troco minha liberdade de ser quem sou apenas dentro das quatro paredes da minha casa.
Assitir ou participar destes programas não faz mal a ninguem. O problema é quando eles refletem aquilo que temos por dentro: SOLIDÃO!

19/01/2011

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