E QUANDO NÃO É PARA SER?

Olho para o céu e o que vejo / São nuvens carregadas de você / Piso a areia e penso no teu beijo / Sei que um dia vai acontecer  // Tudo é ausência no que quero / Um barco no horizonte que não vem / Você era somente o que faltava / Pra me faltar tudo de uma vez
Hoje me dou o desplante de começar esta crônica com Ana Carolina em sua musica “Luz Acesa”. Esperança boba, espera tola.
As vezes demoramos a perceber que algo não é para a gente. Mas quando a gente percebe a vida parece que entra em ruinas.
Me pergunto se a dor de um casamento que acaba com seus 30 anos de existência é a mesma dor de saber que quem esteve do teu lado por apenas algum tempo, estava apenas de corpo presente?
Você entregou tudo o que tinha e o que não tinha: tanto no lado financeiro quanto psicológico, amoroso, e todos os seus lados possíveis e imagináveis e a pessoa não lhe retribuiu em nenhum momento nenhuma dessas suas doações;
Sei que o amor nada espera, mas num relacionamento a troca deve ser mutua. O vácuo, o vazio e o nada não preenchem uma relação.
Relação que você sustentou, que você manteve, que você lutou para que desse certo, mas que a outra pessoas, quem sabe, nem percebeu que era uma relação.
Nessas horas recorre a psicanalise, a psicoterapia, a psicóloga, a cartomante, o pai de santo, tudo ajuda a resolver um problema que é simples e que poderia ter sido visto desde o inicio: não existe amor reciproco. O amor é de apenas um dos lados.
Nessas horas a gente divide o que? A casa que vivemos, as coisas que compramos, tudo que adquirimos juntos? O sentimento também será repartido? Um pouco de amor para a pessoa que esteve contigo mas não te amou por completo.
Até onde podemos influenciar uma pessoa? Até onde podemos cuidar de outra pessoa? O quanto podemos nos doar a outro?
O amor não machuca. O amor é pleno. O que machuca é o amor não correspondido. É a indiferença. É a solidão de duas pessoas que mesmo juntas estavam sozinhas. Uniram duas solidões em uma só para tentar melhorar e permaneceram só.
O amor não acaba, o que acaba é a vontade de lutar por algo que só você viveu. Desistimos de querer que aquilo que existia em nossa mente torne-se realidade.
O amadurecimento faz com que nos tornemos mais sábios ou mais sujeitos à esse tipo de dor? Crescemos, estudamos e trabalhamos, mas continuamos as mesmas crianças, virgens em todos os sentimentos e ações e cada vez que perdemos essa virgindade imaginaria a dor que sentimentos é interna, profunda, extensa, parece que não tem fim.
Hoje te olho dormir ao meu lado, com aquele mesmo ar de desprezo e medo do futuro que sempre teve, e me pergunto quem é você? Como pude por todo esse tempo estar ao lado de quem não estava do meu? Como pude ver amor e atitudes altruístas em alguém que só pensa em si e em seu bel prazer esquecendo que do outro lado bate um coração que por ele tem desejos, medos, angustias, sentimentos, amor?
O amor não acaba, mas o auto flagelo sim. Esse com toda a certeza vai machucando tanto a cada dia que um dia cansamos de sofrer e faremos de tudo para que ele acabe.
Que seja uma dor rápida, uma dor de puxar o curativo de uma vez só. Ver a ferida exposta mostra o quanto nós caímos de cara, corpo e mente em um relacionamento sem futuro. Mas essa mesma ferida exposta cicatriza mais fácil assim do que coberta.
Arrancar o esparadrapo pode doer, mas ter uma ferida aberta em carne viva embaixo dele doi mais.
Se hoje me pergunto que é você com toda a certeza sei responder quem eu sou. Sou aquele que te deu tudo e não teve nada em troca. Sou aquele que buscou solução para problemas que você criou. Sou aquele que lutou por ti, enquanto sentado tu me vias definhar e morrer um pouca a cada dia por ti. Sou aquele que depois da ultima batalha viu-se moído por alguém que não o amou, apenas se acostou a te ter. A te ter fácil demais. Sempre a disposição.
O que preciso agora é da tua ausência. Da tua partida. Da tua ida sem intenção de voltar.
Posso me reconstruir. Posso me montar de novo. Posso voltar a viver.
Serei assassino por matar o amor que em mim existia? Ou serei um herói por acabar com aquilo que me matava mas que em você nem tocava?

Noites me atravessam sem luar / Tardes que terminam sem ter fim / Um dia ainda consigo lhe falar / Da tempestade que causou em mim.

Agora as noites voltam a ser somente minhas, as tardes começam a ter um fim. Não preciso te falar da tempestade que você causou em mim pois você sabe muito bem como fez com que ela acontecesse. Mas depois da tempestade recontrui meu novo eu e quem sabe um dia encontre alguém disposto a fazer por mim aquilo qu por ti fiz e nada recebi.
Sentirei falta do teu sorriso mesmo sabendo que eu não era o motivo dele? Sentirei falta do teu toque mesmo sabendo que não era para mim? Sentirei a falta da tua ausência na presença ou da presenta em tua ausência? Sentirei a falta dos nossos diálogos tão monólogos quanto possíveis? Sentirei falta do homem que idealizei ter ou terei a coragem de admitir que montei em você alguém não que não existia. Conseguirei baixar o pano do teatro sabendo que a peça terminou incompleta? Como Mulan Rouge, termino meu ato num canto de dor, a cortina cai juntamente comigo e se encerra uma fase tão boa no palco mas tão deteriorada no camarim?
Como doi perceber que quando não é para ser, não será!

14/09/2013

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